Blog do Deputado Federal Gonzaga Patriota (PSB/PE)
Temer ganha tempo e agrava crise
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
O presidente Temer não jogou a toalha, ontem, no pronunciamento à Nação, porque, como jurista e conhecedor da lei e do tempo político, sabe que esta decisão terá que ser amadurecida para ser tomada em outro tempo, que não deve demorar. Os áudios liberados, ontem, pelo Supremo, comprovam o envolvimento do presidente da República em atos de obstrução da Justiça com o objetivo de afastar qualquer investigação e de eliminar a sua ligação com Eduardo Cunha.
Cada dia, entretanto, que Temer permanecer à frente do País aprofundará a crise econômica e a instabilidade política. Ao se agarrar ao poder, o presidente tem dois objetivos: primeiro, se proteger das consequências criminais que pesarão contra ele quando deixar a Presidência e, segundo, ganhar tempo para conduzir o Congresso a uma eleição indireta em que ele eleja o próximo presidente.
A não renúncia tem o sentido da preservação desse guarda-chuva protetor do foro privilegiado. É ruim para o País, agrava a crise. São inevitáveis dois processos. O processo penal no Supremo e o processo de impeachment no Congresso. A nação continuará sangrando com a sua decisão. Alguns poderão dizer que faltou grandeza ao presidente Michel Temer de renunciar e refazer o pacto na condução da crise econômica, mas o que ele fez foi se preservar.
Renunciando de imediato, Temer poderia até ser preso de imediato, caindo nas garras do juiz Sérgio Moro. Temer vai passar uns dias em agonia e vai colocar o povo em agonia. Perdeu a oportunidade de fazer um discurso com menos retórica e mais gesto. O depoimento de Temer, na fala à Nação, trouxe a enorme gravidade, porque, em primeiro lugar, disse que se encontrou com o empresário em agenda que não havia sido divulgada pela Presidência da República.
O presidente decidiu desafiar a crise. Politicamente, ele já foi julgado. Não tem mais condições de governabilidade. Neste momento grave de crise, ele optou muito mais pela imunidade institucional do que pela realidade que passa o País, com mais de 14 milhões de desempregados. O gesto que se esperava era a renúncia, para dar mais celeridade a uma solução para a crise. No momento em que ele resolve desafiar a crise, não existe outro instrumento que não seja trabalhar o processo de afastamento do presidente pelo Congresso, o que fez a oposição, ontem, protocolando o pedido do processo de impeachment.
TASSO ASSUME PSDB– O senador Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou uma nota no fim da tarde de ontem na qual anunciou ter se licenciado da presidência do PSDB. Na mesma nota, informou ter indicado à Executiva Nacional do PSDB o nome do senador Tasso Jereissati (CE) para exercer a função interinamente. Procurada, a assessoria de Jereissati informou que ele aceitar assumir o posto. A assessoria de imprensa do PSDB informou que, por se tratar apenas de uma licença, a indicação de Tasso não precisará ser submetida à Executiva do partido. Diante disso, Tasso já é o presidente interino da sigla.
Saiu e voltou– Primeiro a cair fora do Governo por achar irreversível o afastamento do presidente Temer, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, recuou da decisão mais tarde quando se inteirou da decisão da cúpula do seu partido de se manter firme no apoio ao Governo. Raul Jungmann, ministro da Defesa, também pernambucano, teve que divulgar uma nota oficial diante das notícias de que teria abandonado o barco também.
Indicação de Aécio – Transcrição de diálogos que constam na delação premiada dos donos do frigorífico JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista, apontam que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ofereceu aos empresários que escolhesse qualquer uma das diretorias da Vale para colocar alguém da confiança deles. A TV Globo teve acesso ao conteúdo do termo de delação. O documento resume conversas que Joesley gravou em reuniões com Aécio Neves. Em um trecho, Joesley disse ter conversado com Aécio sobre seu interesse em indicar Aldemir Bendine, o Dida, para a Vale. O dono da JBS disse ter feito essa sugestão após saber que o senador mineiro seria o responsável por indicar o novo presidente da empresa.
DUPLO INQUÉRITO – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin autorizou a abertura de um novo inquérito para investigar o presidente do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), no âmbito da Operação Lava Jato. A abertura desse inquérito não tem relação com as delações dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. A investigação foi autorizada a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). O caso tramitava em segredo de Justiça, mas o sigilo foi derrubado na última segunda (15) por Fachin.
Recife protesta– Durante um protesto que teve início na Praça do Derby e seguiu em passeata por várias ruas da área central do Recife, ontem, manifestantes pediram a saída do presidente Michel Temer do Governo. Motivados pela gravação feita pelos donos do frigorífico JBS que mostra o titular da presidência autorizando o pagamento pelo silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os participantes iniciaram a concentração às 16h, gritando ‘Fora Temer’ e exibindo faixas e cartazes com mensagens favoráveis à saída do sucessor de Dilma Rousseff.
CURTAS
DELAÇÃO– Ao ser alvo da Operação Bullish na semana passada, o empresário Joesley Batista não foi encontrado porque estava fora do país. Na ocasião, ele deveria ter sido alvo de condução coercitiva, mesma situação do seu irmão Wesley, os dois donos do frigorífico JBS. Sabe-se agora que Joesley contatou informalmente a Justiça para dar três informações: que estava negociando uma delação premiada, que não pretendia fugir, que não deixaria de prestar todos os esclarecimentos necessários aos investigadores da Bullish.
INSTITUTO– O escritório do advogado Marlus Arns de Oliveira deixou, ontem, a defesa do ex-deputado federal Eduardo Cunha. A decisão ocorreu um dia após a revelação de que o empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, pagou uma suposta mesada a Cunha, para que ele não fizesse um acordo de delação premiada com a Justiça. O pagamento teria recebido a anuência do presidente Michel Temer.
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