O projeto está sendo conduzido pela Solar Chernobyl, formada por capital ucraniano e alemão. Foram investidos um milhão de euros na construção da estrutura que possui cerca de 3,8 mil painéis fotovoltaicos, que ocupam uma área de 1,6 hectare, cerca de dois campos de futebol. Segundo Yevgen Varyagin, presidente da companhia, a quantidade de sol na região é o “mesmo do sul da Alemanha”. A previsão é que o investimento seja recuperado em sete anos.
A retomada da produção energética em Chernobyl é uma estratégia do governo ucraniano para aproveitar a zona de exclusão criada após pior acidente nuclear da história e, ao mesmo tempo, suprir a necessidade energética do país, abalada desde o fim das importações de gás natural da Rússia, há dois anos.
Em 26 de abril de 1986, o reator número quatro da usina de Chernobyl explodiu, espalhando radiação por cerca de três quartos da Europa. Após o desastre, as autoridades soviéticas evacuaram centenas de milhares de pessoas e criaram uma zona de exclusão com dois mil quilômetros quadrados. Os outros reatores continuaram em funcionamento, mas foram desligados no ano 2000.
Segundo autoridades ucranianas, o local não poderá ser habitado por “mais de 24 mil anos”, mas a produção industrial é possível.
— Esse território obviamente não pode ser usado para a agricultura, mas é formidável para projetos científicos e de inovação — disse o Ministro do Meio Ambiente ucraniano, Ostap Semerak, à AFP.
O “sarcófago” foi instalado ano passado, com financiamento internacional, após a descoberta de rachaduras na antiga estrutura de concreto que poderiam provocar um novo acidente. Com a nova selagem, a radiação nos arredores da usina caíram para apenas um décimo do que era antes, permitindo a ocupação do ponto zero da zona de exclusão, que já possuía certa infraestrutura. Mas precauções são necessárias.
— Nós não podemos furar ou escavar aqui por causa das estritas regras de segurança — explicou Varyagin.
Por esse motivo, os painéis foram instalados em bases de concreto, não fixados no terreno como de costume.
Oleksandr Kharchenko, diretor executivo do Centro de Pesquisas da Indústria de Energia, explica que o baixo custo do terreno e a presença de linhas de transmissão tornam Chernobyl particularmente atraente para investidores. Soma-se a isso o preço da energia na Ucrânia, cerca de 50% maior que a média europeia. Pensando nisso, o governo abriu licitação para 2.500 hectares direcionados à produção energética. Cerca de 60 propostas foram recebidas e estão sendo estudadas para a ampliação da produção.
— É preciso garantir que trabalhar na zona de Chernobyl será seguro para aqueles que irão fazê-lo — disse Anton Usov, conselheiro do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento.
Nenhum comentário