Quatrocentos e doze policiais, com apoio de dois helicópteros, fazem uma megaoperação em favelas de Niterói desde as 6h da manhã desta quinta-feira para reprimir a violência que vem crescendo na cidade. A ação, uma das maiores dos últimos anos no município, acontece também em Maricá. Até agora, sete homens foram presos e cinco menores detidos, todos moradores de Niterói e Maricá. Segundo informaçãoes do 12º BPM (Niterói), nem todos os presos são traficantes. Entre eles está um ambulante morador do Fonseca, em Niterói, que estava vendendo produtos piratas. Até o momento foram apreendidos uma pistola 9 mm, uma espingarda, um radiotransmissor e um tablete de maconha.

A ação conta com homens do 12º BPM (Niterói), com apoio de três batalhõesda área, do Batalhão de Choque, do Grupamento Marítimo e da Companhia de Cães. Em Niterói, a ação acontece nas comunidades de Nova Brasília, Grota Funda, Viradouro, Coreia, União, Morro do Sabão e Morro do Castro. Já em Maricá, os policiais estão nas localidades do Mutirão, Ponte, Quebrada, Mato Dentro e Risca Faca. A Polícia Civil está realizando blitzes nas ruas dos bairros de São Francisco, Ingá e Icaraí, na Zona Sul, onde a violência aumentou, e nas principais portas de entrada da cidade. Os agentes revistam principalmente passageiros de motocicletas.

No fim da manhã, dois homens em uma motos furaram a blitz que acontecia em frente ao 12º BPM (Niterói), na Avenida Jansen de Melo. Houve troca de tiros, e os policiais que participavam do bloqueio saíram em perseguição aos motoqueiros. O policial que atirou foi retirado da operação porque, segundo o relações públicas da PM, capitão Ivan Blaz, “reagir atirando e sair em perseguição em blitz não é o procedimento da PM”.

Ainda segundo Wolney, as ações visam a coibir a criminalidade. O comandante acrescentou que não pode afirmar que bandidos do Rio estão indo para Niterói porque não há índices estatísticos que comprovem isso. De acordo com ele, apenas o roubo a transeuntes aumentou em janeiro deste ano comparado ao mesmo período do ano passado. Ele disse também que o número de delitos pode ter aumentado, mas há uma subnotificação de crimes que as pessoas não vão às delegacias registrar.

Reportagem do GLOBO desta quinta-feira mostrou que a cidade está dividida por duas quadrilhas de traficantes que fugiram para morros do município, expulsos do Rio pela expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Segundo policiais civis e militares de Niterói, traficantes do Morro da Mangueira tomaram a favela do Morro do Preventório, no bairro da Charitas, enquanto criminosos das favelas do complexo da Maré, expulsos pela chegada de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), e de Senador Camará, onde a Polícia Militar tem atuado constantemente, ocuparam o Morro do Cavalão, no Centro de Niterói. Pelo menos 30 bandidos já estariam agindo na cidade e seriam os responsáveis pela onda de violência. Assaltos com reféns, arrastão e roubos de veículos se tornaram normais nos últimos três meses em bairros como Icaraí, Ingá e São Francisco.

O GLOBO procurou a assessoria do governador Sérgio Cabral e do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, para que falassem sobre o assunto, mas eles preferiram não comentar o caso. A Polícia Militar informou que o policiamento será reforçado com a chegada de novos policiais e recrutas. Desde o início da semana, o coronel Maurício Santos de Moraes, do 4º Comando de Policiamento de Área (CPA), vem tratando do assunto pessoalmente.

Os reflexos da presença de bandidos do Rio em Niterói já começam a aparecer nas estatísticas de violência. Em Icaraí, por exemplo, em janeiro do ano passado nenhum assalto a residência havia sido registrado na 77ª DP, responsável pelo policiamento do bairro. Este ano, também em janeiro, os registros pularam para seis casos, como revelam números divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), da Secretaria de Segurança. Também subiram em Icaraí os casos de assaltos no interior de ônibus em janeiro: de quatro, no ano passado, para nove este ano. As ações são sempre violentas, com o uso de armas de guerra, como fuzis e metralhadoras.

No bairro do Ingá, a violência é percebida em qualquer esquina: restaurantes, bares e pedestres viraram alvos dos criminosos. Um estabelecimento frequentado por promotores, empresários, políticos e professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) já foi assaltado três vezes este ano. O bairro fica na jurisdição da 76ª DP (Centro). Pela estatística do ISP, subiram os registros na região de roubos e furto de veículos. Os casos de roubo a pedestres cresceram 45%, pulando de 64 registros em janeiro do ano passado para 93 este ano.

Niterói tem cerca de 500 mil habitantes e lidera pesquisas de qualidade de vida: é a terceira cidade com o melhor índice de desenvolvimento humano (IDH) do país. Em dez anos, saltou da quinta para a primeira colocação no ranking das cidades que têm a maior renda média domiciliar per capita do país: R$ 2.031,18, segundo o Censo 2010. Apesar disso, o investimento em segurança parece diminuir ano a ano: o batalhão da Polícia Militar do município passou de cerca de 1.200 homens, na década de 80, para 700 atualmente.

Fonte: O Globo

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)