Para celíacos, diabéticos e alérgicos, Páscoa é sinônimo de perigo

A família do recifense Luiz Carlos, 10 anos, é católica, mas uma parte do ritual religioso da Semana Santa ele não pode cumprir: a comunhão. O ovo de Páscoa de Tarcila, 3 anos, será feito pela mãe dela. É que a hóstia e a maioria dos chocolates contêm glúten, proteína da qual Luiz Carlos e Tarcila, que são celíacos, devem manter distância. Para pessoas como eles, a Páscoa tem um significado extra: o de perigo. Trigo, chocolate, leite e crustáceos são alguns dos ingredientes consumidos habitualmente na época que podem causar sérios danos à saúde de diabéticos, celíacos e alérgicos, além de atrapalhar dietas de emagrecimento.

Para os portadores da doença celíaca, uma intolerância permanente ao glúten que atinge entre 0,5% e 1% da população, a lista de restrições é abrangente: trigo, aveia, cevada e centeio devem passar longe da mesa e também da cozinha – até as panelas, pratos e talheres devem ser mantidos à parte. Os sintomas nem sempre estão relacionados ao aparelho digestivo e muitas vezes só aparecem a longo prazo. Anemia, depressão, distúrbios de humor, infertilidade, osteoporose antes da menopausa, dificuldades de crescimento, dores articulares e defeitos no esmalte dos dentes são alguns deles. “É, na origem, uma doença de inflamação”, explica a gastropediatra Margarida Antunes, que estuda os celíacos desde 1993.

Os efeitos da fuga à dieta nem sempre são imediatos. Há pacientes que sentem desconforto abdominal algumas horas depois da ingestão proibida. “Quem já tem a doença controlada muitas vezes não sente nada quando transgride na dieta, mas mantém a inflamação ativa. Não se sabe a dose segura de glúten que essas pessoas podem consumir”, esclarece a especialista. “Quem tem doença celíaca precisa ler rótulos para sempre. Por lei, todo produto precisa indicar na embalagem se contém glúten e isso já foi uma conquista dos pais e portadores da doença”, ensina a médica.

A policial militar Eliane Ramos da Silva Lima, mãe do garoto Luiz Carlos, entendeu direitinho o recado. Ela mora no Curado IV, no Recife, e deixa as refeições da casa já prontas quando sai para trabalhar, cozinhando à parte os alimentos para o filho celíaco. Eliane usa, com propriedade, ingredientes pouco populares entre a maioria das pessoas, como os grãos amaranto e quinoa, farinhas de semente de abóbora e de castanha de caju e polvilho, doce e azedo. “Procuro compensar os alimentos que ele não pode comer com outros nutrientes”, conta Eliane. Todos os meses ela gasta em torno de R$ 300 em compras específicas para a dieta de Luiz.

Segundo Eliane, os ovos de chocolate sem glúten são encontrados facilmente no mercado e são até mais gostosos que os tradicionais, mas eles normalmente não vêm com brinquedo dentro. Na primeira comunhão do garoto, criou-se uma polêmica na igreja. “O padre não queria dar o vinho porque ele é menor de idade e a hóstia, ele não pode. Ficou todo mundo abismado e ele acabou comungando porque ficou com vergonha de dizer não ao padre”, relata a mãe. Quando come algo que não deve, Luiz Carlos sente dores na barriga no mesmo dia. Para a Semana Santa, já está combinado: Eliane avisou ao padre que o filho vai à igreja, mas não pode comungar.

O menino faz acompanhamento médico rigoroso anualmente e sempre passa no teste. A altura dele já é um bom sinal, já que doença celíaca não controlada atrapalha o crescimento.

Tarcila Pessoa de Melo tinha apenas dois anos de idade quando foi diagnosticada. “O glúten está em coisas que você nem imagina. O problema desses produtos industrializados é a contaminação cruzada. Se você assar um bolo sem glúten junto com outro comum, contamina”, conta a professora Ivana, mãe da menina. Um dos principais desafios para Ivana é mostrar às pessoas que a doença da filha é séria, não uma invenção de médicos. Tarcila também já aprendeu a perguntar quando desconfia do lanche. “Ela pergunta: ‘mamãe, tem glúten?’. O bom de ela ser novinha é que não provou muitas coisas e não fica tentada”, acredita Ivana.

Leite também pode significar perigo
A Semana Santa também costuma ser diferente na casa dos irmãos recifenses Antônio e Jóselly, de 7 e 12 anos. Como tem alergia severa à proteína do leite, Antônio Joaquim de Santana Neto costuma dividir com a irmã um único ovo de Páscoa, todo ano: a menina fica com o chocolate e ele ganha o brinquedo que vem dentro.

Para uma pessoa alérgica, as consequências de “sair da linha” podem ser atrozes. Antônio, que mora no bairro de Dois Unidos, no Recife, já foi levado às pressas ao hospital, duas vezes, com edema de glote, um inchaço na entrada da laringe que fecha a passagem do ar e pode matar.

Antônio apresentou os primeiros sintomas ainda bebê. A mãe dele, Joseli da Silva Rodrigues, é técnica e estudante universitária de enfermagem e mantém em casa um kit de primeiros socorros com antialérgicos e uma “munição” extra: uma injeção de adrenalina, o medicamento vasoconstritor capaz de salvar o filho durante uma crise aguda. “Eu faço de tudo para ele não se sentir excluído nessa época de Páscoa. Compro barrinhas de chocolate de soja e converso com ele, não minto, digo que é gostoso, mas ele não pode comer para não ficar doente”, conta Joseli.

Antônio come com vontade o “bolo de alergia”, apelido que botou na receita adaptada pela mãe.  E já está acostumado a levar o próprio lanche à escola e às festinhas. “Ele não pode nem sentir o cheiro, começa o nariz escorrendo, espirrando e fica cansado”, explica Joseli. O leite dele é especial, à base de soja, e custa caro, mas a mãe recebe da prefeitura quatro latas por mês – eram 12, mensais, quando ele era menor.

A alergologista Nilza Lyra lembra que existem duas situações, a intolerância e a alergia, cada uma com suas particularidades. “A intolerância não causa uma reação imunológica, não tem o risco de ter um edema de glote. Geralmente é mais associada a uma diarreia, a uma reação metabólica”, explica. “A embalagem às vezes diz que não tem leite, mas existem termos correlatos que também significam leite ou presença dele, como caseína, caseinato, alfalactoalbumina, betalactoglobulina, soro de leite em pó, caramelo e creme sabor da Bavária”, detalha a alergologista.

No caso dos alérgicos, a quantidade do alimento ingerido pode não ter influência alguma. “Não é questão de comer só um pouquinho. Tem gente que, só pelo cheiro, tem reação alérgica forte e precisar ir para o hospital”, alerta a médica. Por isso, todo cuidado é pouco. Quando for fazer algo em uma panela, é precisa lavá-la bem antes. “Se você fez antes ali um crustáceo e depois um arroz, por exemplo, pode ter ficado vestígio. Para o alérgico, pode ser fatal”, alerta.

O melhor jeito de conhecer os limites do próprio organismo é procurar um alergologista para fazer o exame específico. “Existe sim um nível que o alérgico pode consumir, mas isso é muito pessoal e precisa ser testado. Em algumas pessoas, conseguimos fazer a dessensibilização, dando pequenas quantidades do alimento, mas não são todos os casos. O diagnóstico resolvido por componentes (CRD, na sigla em inglês) é um exame que nos permite conhecer o grau dessa alergia e sabermos se a pessoa vai ser realmente alérgica a vida toda ou se tem como curar”, conta Nilza.

Para aqueles que acreditam que tomar um antialérgico antes de comer algo resolve, a médica faz um alerta. “Isso não garante que você não vai ter uma reação, não adianta comer só um camarão. Além disso, fatores como álcool e exercícios físicos podem ajudar a desencadear a alergia. Quando as avós diziam para não nadar depois de comer porque podia ter uma congestão, elas estavam certas”, afirma.

Diabéticos
Na Páscoa, o chocolate diet é uma ótima pedida para os diabéticos, que devem controlar a ingestão de açúcar. “Mas não pode consumir à vontade. Ele tem seu valor calórico e isso precisa ser levado em conta dentro da cota diária do paciente. O diabético precisa manter a estabilidade”, reforça a nutricionista Catarina Grizzi. Ela lembra que é bastante comum que o diabetes venha associado a outros distúrbios de metabolismo, como o colesterol alto. “Bacalhau, por exemplo, não tem problema, mas se a pessoa tiver pressão arterial alta, precisa ficar atento à quantidade de sal. O ideal é preparar com azeite e evitar os molhos”, diz Catarina.

Para quem faz dieta para emagrecer, a mesa da Semana Santa é altamente proibitiva. A forma de preparar os alimentos já adiciona uma boa dose de calorias. Segundo Catarina Grizzi, o ideal é que a pessoa escolha seu prato preferido e aposte em acompanhamentos de preparação mais simples. “Se a pessoa adora quibebe [purê de jerimum/abóbora com leite de coco], pode comê-lo com arroz mais simples e fugir do feijão de coco”, exemplifica. Outro cuidado importante é com as quantidades. Uma boa opção é fazer o peixe ao forno ao invés de fritá-lo. Um peixe assado com azeite e alcaparras é uma opção saudável ao peixe ao molho de coco com camarão, por exemplo.

“Quanto mais simples for o chocolate, menor a cota calórica. As versões ao leite e amargo, sem nozes ou recheios cremosos são as melhores”, ensina ela. Os que têm castanhas, amêndoas, creme de amendoim e avelã costumam ser mais calóricos

Fonte: G1 PE

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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