Reestreia de “Titanic” destaca seu vigor como o último épico de Hollywood

Esqueça toda a balela a respeito do 3D. Na principal estreia da semana nos multiplex, “Titanic” (EUA, 1997) de James Cameron, não dê atenção ao cartaz do filme que estampa a produção agora em uma versão tridimensional. O filme é o mesmo e os efeitos adaptados para esta “nova realidade” são minimamente perceptíveis. O que deve lhe guiar na decisão de ir ao cinema é, portanto, o fato de poder voltar a deleitar-se em uma tela grande com este clássico contemporâneo. Obra que, 14 anos depois de seu lançamento no Brasil, retorna como uma carga valiosa do ponto de vista da histórica da estética e da indústria cinematográfica.

Quando lançado nos EUA, há 15 anos, “Titanic”, iniciou uma carreira fenomenal, e sem precedentes. Tornou-se febre no mundo inteiro, alçando o ator Leonardo DiCaprio – então com 23 anos – ao status de estrela universal (ídolo das adolescentes). Gerou a maior renda de Hollywood apenas pela bilheteria (foi o primeiro a ultrapassar o valor de 1 bilhão de dólares; 1,84 bilhão precisamente, recorde batido apenas por “Avatar”, com 2,78 bilhões, do mesmo diretor), e arrebatou 11 Oscars, incluindo o de melhor direção para Cameron, que se autointitulou o “Rei do Mundo” na cerimônia de 1998.

Feitos históricos à parte, rever “Titanic” hoje, ano do centenário do naufrágio do transatlântico mais famoso do mundo, reforça sua grandiosidade como feito fílmico, uma vez que, podemos dizer, a obra é o derradeiro épico realizado em Hollywood por uma estrutura que não vemos mais.

Durante as filmagens, o mundo comentava as notícias sobre os constantes estouros de orçamento, tornando-o o filme mais caro de todos os tempos, até então. Justifica-se: em um tempo em que os efeitos digitais CGI eram limitados e Cameron fazia questão do realismo, o cineasta coordenou a montagem de várias maquetes do navio e também um cenário colossal, com uma piscina gigantesca, onde atores de carne e osso interagiam em um cenário físico, real.

E 14 anos após nossos olhos estarem esbugalhados de paisagens falsas no cinema, criadas por computadores (lembrando o cenário de um videogame de alta resolução), reencontrar “Titanic” é reencontrar o cinema na sua essência de convencimento a partir de uma reinvenção do real, do concreto, e não da virtualização do real.
Não é à toa que as imagens da catástrofe no filme impressionam e fazem o olho arregalar até hoje. Com centenas de figurantes reais escorregando pelo convés real do cenário, não há como não nos envolvermos de forma mais veemente com a urgência e desespero da situação.

Do ponto de vista da linguagem, “Titanic” mantém ainda hoje seu vigor graças à opção pelo enredo e estética clássica. No roteiro, antes da catástrofe que mataria 1.500 pessoas, Cameron personaliza o sofrimento da morte posicionando o espectador colado ao nascimento do amor impossível, que surge no cruzeiro, entre um pobre norte-americano chamado Jack (DiCaprio) e uma jovem – Rose (Kate Winslet, linda aos 22 anos), da burguesia britânica.

E, as mais de três horas da projeção não pesam por mérito também do cineasta, que conseguiu transitar com fluidez por três gêneros em um mesmo filme. Começa com a atmosfera de uma ficção científica, com a sonda aquática que busca o navio no fundo do mar; depois engata o romance do jovem casal para terminar com a violência grandiloquente da catástrofe.
Como diria a personagem Molly, uma nova rica interpretada por Kath Bates no filme, “está aí um filme que não se vê todo dia no cinema”.

Fonte: FolhaPE

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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