“Sem Pensar”, ouvir, ver, compreender…
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
A dificuldade de nos compreendermos, mesmo com os recursos tecnológicos que deveriam facilitar a comunicação, é um dos paradoxos do nosso tempo. Para a atriz Denise Fraga, esse fenômeno se dá principalmente porque as pessoas estão com medo de se relacionar. E é sobre essa dificuldade de perceber o outro que trata “Sem Pensar”, espetáculo que a atriz apresenta neste fim de semana, no Teatro Santa Isabel.
Olhar e ver não são a mesma coisa; ouvir e compreender também não. Sutilezas da língua, mas conceitos problemáticos para as relações humanas. São esses pequenos detalhes que provocam grandes ruídos no interesse da dramaturga inglesa Anya Reiss. Sua estreia nos palcos com o texto de “Sem Pensar”, em 2010, foi aclamada pelos críticos de seu país, que se mostraram impressionados com o talento da moça, à época com 17 anos. Quando estiveram em Londres, Denise Fraga e seu marido, o diretor Luiz Villaça, foram conferir se o burburinho a respeito de Anya tinha fundamento. Saíram do teatro com o desejo de montar o espetáculo no Brasil.
Conhecido por seu trabalho no cinema e na televisão, Luiz Villaça já procurava há algum tempo um projeto para estrear na direção teatral. “Ele queria algo que tocasse o coração dele. Sempre insisti para ele vir para o teatro porque ele é um grande diretor de atores, e o teatro é direção de ator com tempo”, disse Denise em entrevista à Folha de Pernambuco, por telefone. Segundo a atriz, o que mais os interessou no texto foi a capacidade da dramaturga de observar as nuances dos relacionamentos familiares e amorosos.
“Eu nem gosto quando ressaltam que ela só tinha 17 anos quando escreveu a peça porque pode passar uma impressão errada. Esta não é uma peça adolescente”, pontua. Para ela, o mérito do texto é justamente seu apelo universal. “O grande mote do espetáculo são as relações humanas, nossa cegueira em relação a nós mesmos e aos outros. Isso é algo que atinge todo mundo”, enfatiza.
Na montagem, uma menina preste a completar 13 anos se apaixona por um rapaz mais velho que aluga um quarto em sua casa. Com um casamento em crise, seus pais parecem tão preocupados em arranjar motivos para uma nova discussão que não percebem o momento pelo qual passa a garota. Além de Denise Fraga, integram o elenco os atores Kiko Marques, Julia Novaes, Kauê Telloli, Vírginia Buckowski, Isabel Wolfenson, Verônica Sarno e Paula Ravache.
Apesar de tocar em assuntos delicados, a peça se utiliza do humor para transmitir sua mensagem. “Eu acredito muito no humor. Não sou uma pessoa engraçada na vida cotidiana, mas acredito no humor enquanto um grande agente de reflexão”, afirma a atriz. “Para mim, a grande função do artista é colocar o ser humano em um espelho exagerado para que ele se enxergue com mais clareza”, completa.
Para Denise, na sociedade atual os indivíduos sofrem um processo de distanciamento um do outro, por vezes escondendo-se atrás da tecnologia. “As pessoas têm evitado se relacionar. Não é que mandar uma mensagem, um e-mail seja mais prático – é mais asséptico. Nós estamos evitando o outro, querendo nos livrar da saia justa. De certa forma, a gente está se destreinando ao constrangimento. É por isso que eu tenho me policiado para mudar isso na minha rotina. Se puder telefonar ao invés de mandar mensagem, farei isso”, afirma.
A atriz também acredita que o teatro tem um papel importante no sentido de promover uma maior comunhão entre as pessoas. “Eu tenho a utopia de acreditar que quando as pessoas saem de casa para ir ao teatro, elas firmam um pacto de estar ali, formando uma rede com todos que estão lá. Por isso fazemos questão de receber o público na porta. Estamos todos juntos ali, é uma experiência coletiva e preciosa, principalmente nos dias de hoje. Acredito que mesmo minimamente, o espectador sai transformado do teatro”, conclui.
Fonte: FolhaPE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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