Dona das marcas Johnnie Walker e Smirnoff compra a cachaça Ypióca
A Diageo, gigante britânica de bebidas alcoólicas, comprou 100% da brasileira Ypióca, que pertence à família Telles, por R$ 900 milhões. Além das marcas de cachaça produzidas pela companhia brasileira, a multinacional adquiriu uma destilaria do grupo em Paraipaba, no Ceará, uma fábrica de envasamento em Ensejava, Fortaleza, além de um centro de distribuição em Guarulhos, São Paulo.
A Diageo, cujo faturamento cresceu 23% em 2011 no Brasil, fabrica marcas como o uísque Johnnie Walker e a vodca Smirnoff. A Ypióca, que faturou R$ 177 milhões no ano passado e foi fundada em Fortaleza em 1846, tem 8% do mercado de cachaça do Brasil, número que lhe garante a segunda posição, em valor, do mercado nacional da bebida. A cachaça hoje é a segunda bebida alcoólica mais consumida do país, atrás apenas da cerveja. A Ypióca produz 6,6 milhões de caixas de 9 litros por ano.
Com a aquisição, a Diageo eleva em 20% o seu tamanho no Brasil, quando se observa o volume total vendido no país. Segundo Otto Von Sothen, presidente da Diageo, a aquisição, cujas conversas começaram a há um ano e meio, representa uma aposta no crescimento no Brasil e uma oportunidade única para avançar no país.
“A cachaça é uma das bebidas com a maior presença no Brasil. A Ypióca tem hoje 60% de suas receitas concentradas no Ceará. E, com isso, vemos oportunidade de crescimento no país, com o aumento da distribuição da bebida no Brasil. O objetivo é crescer de forma sustentável e acelerada”, diz Sothen.
Segundo ele, a Ypióca é distribuída em 250 mil pontos de venda no Brasil. Já a Diageo está em 160 mil pontos. Para o executivo, a tendência é que a longo prazo haja uma sinergia na distribuição nacional.
“A curto e médio prazos, a Ypióca continua sendo tocada de forma independente. Com a aquisição, 700 pessoas serão absorvidas e não haverá demissão. Assim que for concluída a compra, a família deixará de exercer cargos executivos na companhia. Apenas o dr. Everaldo (atual presidente e sócio-controlador da Ypióca, Everardo Telles) estará no conselho consultivo”, destaca Sothen.
Everaldo é bisneto do fundador, o português Dario Telles de Menezes, que destilou o primeiro litro de cachaça da marca no fim do século XIX. Os Telles, no entanto, vão seguir ligados à multinacional britânica. A família, dona ainda de três fábricas de cachaça (uma no Rio Grande do Norte e duas no Ceará), assinou acordo com a Diageo para produzir a bebida com exclusividade por alguns anos no país. Além de produzir a cachaça, agora para a multinacional, as unidades fabricam etanol.
Como só a unidade de destilados foi vendida, a família Telles ainda é dona de outras divisões do grupo Ypióca, como as marcas de água mineral Naturaguá e Prime, um complexo turístico (Y-park), fábricas de papel e embalagens e ativos de agropecuária.
A Diageo mantém planos de ter metade das suas vendas em mercados emergentes até 2015. “Vemos grande complementariedade em relação ao nosso portfólio. Cerca de 40% das vendas do uísque Johnnie Walker se concentram no Nordeste, com força em Recife, Segipe e Alagoas, por exemplo”, afirma Sothen.
Nos planos da Diageo está ainda a exportação da cachaça brasileira para os Estados Unidos. No início de abril, o governo americano reconheceu a cachaça (aguardente de cana-de-açúcar) como produto tipicamente brasileiro. Antes o produto era vendido nos EUA como rum brasileiro.
“Com essa denominação de origem reconhecida pelos EUA recentemente, abre-se espaço para as exportações da cachaça brasileira para os Estados Unidos a taxas (de importação) menores”, lembra Sothen.
Fonte: Diario de Pernambuco
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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