Poupança rende menos a partir desta quinta-feira
O gatilho da nova regra da caderneta de poupança foi acionado. A partir de hoje, com a taxa básica de juros em 8,5%, passa a valer o novo método de rentabilidade da aplicação financeira mais popular do País, no qual o rendimento será de 70% da Selic mais variação da Taxa Referencial (TR). O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou a decisão ontem, em um ato considerado histórico, por essa ser a menor Selic da história. A mudança não afeta as poupanças antigas, que continuam a render 0,5% ao mês mais TR. São válidas apenas as contas que forem abertas ou para novos depósitos nas já existentes.
Segundo o diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) Miguel José Ribeiro de Oliveira, os novos poupadores vão passar a receber 5,95% ao ano (a.a.) de remuneração. Pela regra antiga, a remuneração anual é 6,17%. Ou seja, os depósitos feitos até ontem vão ter rendimento maior que o das novas aplicações. Para Oliveira, apesar da redução dos ganhos com a poupança, a alteração na regra de remuneração era necessária e traz benefícios. “A mudança beneficia todos, que poderão fazer operações de crédito com taxas mais baixas e, agora, é possível que os juros continuem caindo”, disse.
A Selic serve de referência para outras taxas de juros. Quando a taxa básica cai, a tendência é a de redução dos juros cobrados nos empréstimos feitos pelas instituições financeiras. A nova regra de remuneração da poupança foi anunciada no início do mês pelo Governo. O objetivo é evitar a migração de investidores dos fundos de renda fixa para a poupança, com uma Selic menor. Esses fundos são formados por títulos públicos utilizados pelo Governo na rolagem da dívida.
Com a queda da Selic, um fundo de investimento, a depender da taxa de administração cobrada pela instituição financeira, podia pagar menos do que a caderneta. Com isso, para que o BC tivesse mais espaço para cortar a Selic, sem reduzir a demanda por títulos públicos, foi necessário fazer mudanças na remuneração da poupança.
“A caderneta é um instrumento de aplicação antigo, idealizado para permitir que o poupador não perdesse poder de compra contra a inflação. Na época, os juros eram elevados e ela não concorria com os títulos públicos”, apontou o professor da Escola de Negócios Trevisan, Alcides Leite. De acordo com ele, a poupança é o investimento mais líquido do mercado, criado para investimentos de curto prazo. Se a regra antiga continuasse válida, esse objetivo seria deturpado.
“A queda do juro força as aplicações de renda fixa a renderem menos, na medida em que são atreladas a títulos governamentais. Houve um realinhamento para que a caderneta não rendesse mais do que a renda fixa”, completou o professor do Ibmec, Gilberto Braga. Para ele, haveria outras maneiras de reduzir a competitividade da poupança – diminuir o Imposto de Renda sobre os fundos, por exemplo. A segunda alternativa seria retirar o sistema “come cotas”, imposto cobrado a cada seis meses dos fundos de renda fixa.
Na prática, mesmo na nova regra, a poupança renderá um pouco mais do que os fundos, mas a diferença de retorno não é grande. Assim, especialistas não esperam uma migração entre as aplicações. Também contribui para isso o fato de que a maioria dos clientes são pequenos poupadores. Segundo dados do Banco Central, 67,3% têm até R$ 5 mil depositados na caderneta.
Fonte: Folha-PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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