Seca leva população nordestina a consumir água contaminada
A temporada de chuvas deste ano terminou praticamente sem que os moradores do sertão nordestino vissem o chão ficar molhado. Resultado: mais de mil municípios estão em situação de emergência, por causa da seca.
Em tempos de seca, a única água disponível para milhares de sertanejos é a dos açudes, mas sua qualidade é questionável. A equipe do JH coletou amostras em dois açudes do município de General Sampaio, a 130 quilômetros de Fortaleza, e levou para análise nos laboratórios da Universidade Federal do Ceará. Nos dois casos, a água estava contaminada.
Os técnicos identificaram nove colônias de bactérias pra cada cem mililitros de água. Para ser potável não deveria ter nenhuma. “Por este método você não pode dizer que é uma água potável, não é água para beber”, afirma a microbiologista da Embrapa, Maria de Fátima Borges.
No período de seca, quando o sertanejo mais precisa de água, ela está mais sujeita à contaminação. Isso acontece porque o baixo nível dos açudes aumenta a concentração de bactérias e aí elas se reproduzem com mais facilidade.
“Neste período, nós temos também uma quantidade menor de oxigênio. As bactérias anaeróbias, aquelas que se reproduzem na ausência ou na pouca quantidade de oxigênio, tendem a crescer neste período”, explica Ênio Girão, pesquisador da Embrapa.
Com este cenário, cresce também os riscos para a saúde da população. “Principalmente nas crianças isso traz manifestações clínicas, sob a forma de diarréia, que de forma continuada pode levar à desnutrição, o que, de certo modo, leva prejuízo para a vida adulta”, informa o infectologista Anastácio Queiroz.
Também foi levada para análise amostra de uma cisterna, forma muito comum de se armazenar água no sertão. A chuva cai no telhado e vai para o reservatório caseiro. O resultado da água da cisterna foi ainda pior: 23 colônias de bactérias para cada 10 mililitros de água.
Os cearenses que vivem na área rural do Ceará receberam um kit para testar a água em casa. As amostras são aquecidas a uma temperatura de 36 graus. Após 30 horas depois, se a água estiver contaminada, é possível ver as colônias de bactérias a olho nu.
Filtrar a água contaminada iria retirar as impurezas maiores, mas para acabar com as bactérias, é preciso fervê-la: um trabalho e uma preocupação a mais para quem já sofre com todas as dificuldades da seca.
Fonte: G1
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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