Crise reduz casamentos e natalidade na Espanha
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
O número de casamentos e a taxa de natalidade da população caíram na Espanha pelo terceiro ano consecutivo.
A acentuação dessa tendência desde 2008, ano em que a crise econômica eclodiu globalmente, é vista como reflexo da grave crise econômica que atingiu o país e vem provocando mudanças drásticas nos hábitos sociais dos espanhóis.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), o número de nascimentos vinha subindo anualmente até 2008, quando nasceram 518.503 bebês na Espanha, e começou a cair a partir do ano seguinte. Em 2009, nasceram 493.717; em 2011, foram 468.430 nascimentos.
De 2008 para 2011, a redução na taxa de natalidade foi, portanto, de 9,7%. O fenômeno ganha ainda mais contornos de reflexo de uma mudança de hábitos quando se observa que a população geral do país cresceu 2,2% nesse mesmo período.
Mãe mais tarde
Seguindo tendência iniciada em 2004, o número de casamentos caiu ainda mais a partir da crise. No ano passado, foram realizados 163.085 casamentos, 30.937 a menos que em 2008, uma redução de quase 16%.
Em um outro sinal de mudança, muitas mulheres adiaram os planos de maternidade e resolveram ser mães mais tarde. A idade média das mulheres em maternidade subiu de 30,8 anos em 2008 para 31,4 anos em 2011.
Foi o caso da física Valentina Sicardi, de 34 anos, que está grávida de sete meses. Será o primeiro filho da italiana que vive em Barcelona com o namorado catalão, com quem mantém um relacionamento há cinco anos.
“Apesar da crise, não podemos parar a vida”, afirma. Ela diz que vê a decisão pela gravidez como “uma loucura”, mas que este era o seu momento de ser mãe.
A taxa de fecundidade, que já era muito baixa no país, continuou caindo a partir de 2008 e chegou a 1,35 filho por mulher em 2011 – uma das menores da Europa.
Para Margarita Delgado, demógrafa do Conselho Superior de Pesquisas Científicas, os espanhóis estão adiando os planos de formação de casal ou de uma família devido às dificuldades de acesso ao mercado de trabalho e a moradia, além do desemprego juvenil.
Casamento mais barato
Outro fenômeno ligado à crise é a opção por cerimônias de casamento mais baratas. Segundo a Federação de Usuários Consumidores Independentes (FUCI), a despesa prevista pelos noivos caiu 42% desde que começou a crise.
Em 2008, o custo médio de uma festa para 100 convidados era de 20.805 euros (quase R$ 52 mil). Neste ano, gasta-se em média 13.190 euros (R$ 33 mil), uma queda de 8,3% em relação a 2011.
Gustavo Samayoa, presidente da FUCI, afirma que a queda pelo quinto ano consecutivo do gasto com casamentos na Espanha “é consequência direta da conjuntura econômica negativa, que está sobrecarregando a economia dos espanhóis”.
A busca pela redução de custos do casamento levou a opções mais criativas. Sonia Justo Jiménez, de 39 anos, desempregada há três anos, terá uma festa de casamento grátis em outubro.
A crise a transformou em uma rastreadora de sorteios de casamento. Ganhou tudo para a festa, do vestido de noiva até o cruzeiro de lua de mel. Ela ensina a outras noivas os caminhos para fazer o mesmo no blog Mi boda gratis (Meu casamento grátis).
“Me dava pena que muitas garotas como eu, noivas em tempos de crise, não sabiam que existem esses sorteios”, disse ela à BBC Brasil. Foi assim que, no último mês de maio, ela pensou em criar o que diz ser o primeiro blog do mundo dedicado a sorteios de casamento e informação para noivas em tempos de crise.
A engenheira de organização industrial Laura Argüello Solano, de 32 anos, também resolveu criar um blog, La boda de la novia (O casamento da noiva), no qual escrever sobre a experiência de se casar em tempos de crise.
Em uma enquete feita no blog, ela verificou que 75% das leitoras declararam que terão uma cerimônia íntima e familiar, enquanto somente 25% disseram que terão uma festa com toda pompa.
“Para casar não se pode comprometer a renda familiar dos próximos dois ou três anos”, afirma.
Pirâmide
A queda no número de nascimentos, a redução da taxa de fecundidade e a tendência de adiamento nos planos de casamento e maternidade, os reflexos desses fatores sobre o futuro do país causam preocupação, em particular em relação à estrutura demográfica da Espanha, que cada vez terá menos forma de pirâmide.
Isso significa que a Espanha terá cada vez mais uma população envelhecida.
As pessoas com mais de 65 anos representavam 17% do total da população segundo o Censo de 2001. Projeções do INE dizem que esse porcentual subirá para 32% em 2049. Além disso mais de um terço desses idosos terá mais de 80 anos.
“Isso significa uma série de necessidades, cuidados, atenções. Haverá um enorme desequilíbrio entre a população em idade ativa e a população dependente”, diz a demógrafa Margarita Delgado.
Fonte: BBC Brasil
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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