Bovespa é a quarta pior Bolsa do mundo e só ganha de países em crise

O desempenho da Bolsa brasileira neste ano está entre os piores do mundo, superando apenas o de Espanha, Itália e Grécia, países que vivem uma grave crise econômica. Para especialistas, a principal explicação para esse resultado está na fuga de investidores estrangeiros da Bolsa.

A BM&FBovespa apresentou desvalorização em dólar de 15,3% desde o começo do ano até o último dia 24, segundo um ranking da revista britânica “The Economist”. O ranking reúne 45 Bolsas do mundo todo.

O pior resultado no ano, segundo esse ranking, é o da Bolsa da Espanha, que teve desvalorização de 34%. A Bolsa da Itália acumula queda de 22,6% no ano e a da Grécia, de 19,3%.

O resultado da BM&F Bovespa é o pior entre os Brics, sigla que reúne países em desenvolvimento. Além do Brasil, o grupo é formado por Rússia (cuja Bolsa teve desvalorização de 4,6%), Índia (alta de 3,1%) e China (que tem duas Bolsas: uma que teve valorização de 1,2% e outra que registrou queda acumulada de 4,3% no ano).

Nos Estados Unidos, a Dow Jones tem alta acumulada de 3,3% e a Bolsa Nasdaq tem alta de 9,9% no ano.

Um dos motivos para o mau desempenho, segundo analistas, é que a crise fez com que investidores estrangeiros abandonassem países emergentes. Só em junho, os estrangeiros retiraram R$ 740,54 milhões da BM&FBovespa.

“O investidor estrangeiro tem uma participação muito grande na Bolsa brasileira e ainda vê o Brasil como um país de risco elevado”, diz o professor de finanças pessoais da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Mário Amigo.

Mudanças deixam investidor pouco confiante

Para os analistas, as mudanças feitas pelo governo na tributação de alguns investimentos aumentaram essa percepção de risco por parte do investidor. Neste ano, o governo mudou  duas vezes as regras de cobrança de IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) sobre aplicações de capital estrangeiro em renda fixa. Novas mudanças podem acontecer em breve.

“Com tantas mudanças, o investidor se sente pouco confiante”, diz Amigo.

A desvalorização do real frente ao dólar no primeiro semestre também explica, em parte, o resultado negativo da Bolsa brasileira na comparação com outros países.

Mas, mesmo considerando-se a variação em reais, o desempenho da BM&FBovespa está entre os piores.

Levantamento feito pelo economista Alex Agostini, da Austin Rating, mostra que, em reais, a Bovespa ocupa o 75º lugar entre 92 Bolsas do mundo. A desvalorização, em reais, foi de 7,25%.

Em moedas locais, a maior valorização foi da Venezuela, de 110,81%; o pior resultado foi o da Bolsa do Chipre, com desvalorização de 62,65%,

O professor de finanças do Insper Michael Viriato Araújo diz, porém, que a própria composição do Índice Ibovespa afeta os resultados de rankings desse tipo. O Ibovespa mede o desempenho das principais ações negociadas na BM&F Bovespa e é usado como referência nos rankings.

As chamadas blue chips, que são as ações de grandes empresas e facilmente negociadas, têm grande participação nesse índice. E são justamente elas (Petrobras, Vale e OGX, por exemplo) que têm apresentado maus resultados recentemente.

“Se analisarmos só empresas que pagam dividendos ou as small caps, por exemplo, o resultado é melhor”, afirma. Os dividendos são a parte do lucro que as empresas distribuem para seus acionistas. As small caps são ações de segunda linha e com pouca liquidez (difíceis de vender) –geralmente de empresas de pequeno ou médio porte.

Para analistas, momento é bom para investir

O mau resultado até agora, porém, não significa que os investidores devam fugir da Bolsa. Pelo contrário: para Araújo, esse é um bom momento para investir. “É interessante aproveitar os períodos de baixa”, diz o professor, que recomenda aplicações por prazos superiores a um ano. “O ideal é não colocar todos os recursos de uma só vez e ir investindo aos poucos.”

Para o analista-chefe da Walpires, Leandro Martins, o momento também é bom para comprar ações porque a renda fixa se tornou menos rentável depois da queda da Selic (taxa básica de juros).

“Em momentos de crise, os investidores tendem a agir pelo lado emocional e acabam perdendo dinheiro. Por isso, é preciso acompanhar o mercado de perto, porque ainda deve haver muita variação neste ano”, diz.

Deixar de olhar apenas para as grandes empresas é a dica do professor da Fipecafi Mário Amigo. “As grandes empresas que compõem o Ibovespa não são necessariamente boas opções”, diz.

Ele afirma, ainda, que, para investir na Bolsa, é preciso, mais do tudo, ter disposição para conhecer o mercado financeiro. “É preciso pesquisar bem, conhecer o mercado, ou procurar gestores que façam esse trabalho.”

Fonte: Uol Notícias

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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