Na próxima sexta-feira serão comemorados os 100 anos de nascimento de Jorge Amado (1912-2001), e, como normalmente acontece em datas especiais, parece importante refletir sobre o autor, pensar a respeito de sua história e obras; neste caso, não apenas porque se trata de um escritor ainda relevante e inspirador, mas também porque estudar sua trajetória no cenário cultural brasileiro sugere meios para entender a história informal do Brasil, pela maneira como ele registrou contradições políticas, paisagens exuberantes e moral ambígua da sociedade nacional.

Jorge Amado nasceu na Bahia, em Itabuna, mas muito cedo se mudou para Ilhéus, município vizinho que serviu de ambiente para alguns dos seus romances. Embora não se considerasse um autor inventivo (certa vez disse: “Pois sendo, como sou e se sabe, limitado no que se refere à criação literária não sei trabalhar senão a realidade que conheço por tê-la vivido”), Jorge é um dos escritores mais lidos do Brasil, com mais de 30 obras lançadas, além de estudos publicados que avaliam sua repercussão no meio político e cultural.

“Sou ficcionista de dois temas únicos”, escreveu Amado no livro “Navegação de Cabotagem: apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei”. “As terras do sem fim do cacau, a vida popular da cidade da Bahia, voltejo em torno deles, repito cenários, personagens, emoções”, indicou o autor. São assuntos recorrentes em sua literatura: tipos humanos populares de moral duvidosa e uma paisagem boêmia ou interiorana, ao mesmo tempo romântica, popular e bruta.

Mesmo com essa repetição de assuntos, personagens e geografia, existe em seus livros um tratamento único que remete, através de comicidade dramática e indireta, a aspectos universais do comportamento humano. “Foi falando de uma Bahia que seria alegoria do Brasil que ele conquistou os brasileiros e foi o autor mais lido e traduzido no estrangeiro – creio que hoje só perde para Paulo Coelho”, comenta Anco Márcio Tenório Vieira, professor do Departamento de Letras da UFPE. “A universalidade de sua obra se dá não por aquilo que pode parecer exótico aos olhos do estrangeiro, mas por aquilo que revela de uma civilização que soube equilibrar seus contrários. A obra de Amado tornou-se universal porque ela encerra uma das grandes utopias do homem: a convivência e a interpenetração cultural de matrizes tão diversas”, sugere.

Jorge Amado registrou com humor e paixão a relatividade moral que rege relações no Brasil, em personagens construídos com intensidade emocional. Em “Tieta do Agreste” (1977), a protagonista é expulsa da cidade por suas aventuras sexuais, delatadas ao pai por sua irmã mais velha, casta e meio reprimida, mas volta 26 anos depois como uma misteriosa senhora rica. Em “A morte e a morte de Quincas Berro d’Água” (1961), um respeitável cidadão abandona sua reputação ilibada para se juntar à malandragem boêmia e por isso é tido como ‘morto’ para a família, composta, nas palavras do ‘morto’, por “jararacas” e “bestalhões”.

“Amado, assim como Nelson Rodrigues, fala de uma sociedade que tem uma moral para a casa e outra para a rua”, ressalta Anco. “Um Brasil que denuncia a prática imoral dos políticos, mas que pratica o jeitinho brasileiro no seu cotidiano. Um Brasil que se diz cristão, mas que não hesita em recorrer a uma mãe de santo para curar doenças ou fazer despacho para conquistar um amor. É a velha dualidade entre o Brasil real e o Brasil oficial. Um, mestiço; outro, que se quer europeu. ‘Gabriela’ mostra bem isso: o mesmo moralista e defensor dos bons costumes é também o que frequenta de noite o Bataclan”, analisa.

Fonte: Folha- PE

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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