Devoção e beleza no cortejo do adeus
No livro “Gonzaguinha e Gonzagão”, a jornalista Regina Echeverria reproduz fala de Gonzaguinha sobre aquele momento emblemático vivido em Juazeiro do Norte, o momento do cortejo e enterro de Luiz Gonzaga. “Palmas, gritos, fogos, choro, crianças, festas, brincadeiras. E eu sentado ali com um casaco do meu pai e com o chapéu, abraçado a meu corpo. Olhando e procurando guardar tudo aquilo. Vai por ali, passa por lá, sobe pra cá”.
Mesmo não seguindo a risca o desejo do pai, que pedia ao filho para ser levado a Juazeiro do Norte, mas sem ser cortejado pelas ruas da cidade, Luizinho, como era chamado Gonzaguinha na infância, se encantou e se emocionou com tamanha devoção daquele povo. “Foi uma das cenas mais bonitas que vi na minha vida. Porque se por um lado eu estava contrariando um pouco o que meu pai falara, por outro, ganhava em beleza o tempo todo. Desde Recife estava tudo bonito demais. Em Juazeiro foi lindo pela religiosidade que cerca a cidade, pela dramaticidade, pelas ruas estreitas, e assim fomos passando. Todos vieram atrás”, descreve.
Em meio à multidão, o radialista e atual sub-prefeito de Juazeiro do Norte, Romão França, acompanhou atento o movimento do cortejo e o clima presenciado naquela triste quinta-feira de 1989. “Eu estava presente, pertinho do Padre Murilo, que era amigo de Luiz Gonzaga.
O povo de Juazeiro foi ao aeroporto, reverenciar e acompanhá-lo até o Exu. Foi um momento de muita emoção, o povo juazeirense chorou, o Brasil inteiro chorou”.
Romão descreve um dos momentos mais importantes na história de Juazeiro do Norte. “O aeroporto e as ruas ficaram pequenas nesse dia. Juazeiro em peso desceu. Foi uma carreata gigante, um dos momentos marcantes. Juazeiro chorou junto”.
As amizades e o vínculo afetivo com a cidade cresceram. Conta Romão: “Meu amigo Reginaldo, que conviveu muito com ele, dizia que às vezes Gonzaga chegava à boca da noite, lá no Exu, falando: ‘Reginaldo, vamos ali no Crato e no Juazeiro’. Quando chegava aqui, ia numa sorveteria, tomava um sorvete e vinha embora. Seu Reginaldo respondia: ‘Seu Luiz’, vir pra cá só para tomar um sorvete?’. O radialista é convicto: “o coração de Gonzaga era juazeirense”.
Fonte: Folha PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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