Com FGTS e juros baixos, varejo deve ter alívio no fim do ano
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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O final do ano deve trazer algum alívio para o varejo brasileiro. A expectativa dos empresários do setor é que as vendas em datas importantes, como Black Friday e Natal, sejam melhores que as de edições passadas.
O consumo deve ser estimulado por uma combinação de fatores: juros em queda, inflação baixa e injeção de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep – ao todo, serão R$ 42 bilhões liberados em 2019 e 2020, segundo o Ministério da Economia.
Vendas da Black Friday e do Natal devem ajudar a estimular o consumo no quarto trimestre — Foto: Marcelo Brandt/G1
“A leitura (dos empresários) está mais otimista este ano. A liberação dos recursos do FGTS e do PIS/Pasep deve ajudar a turbinar o consumo” , afirma o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes.
A inflação baixa contribui para esse cenário porque evita que o poder de compra do brasileiro seja corroído. Nos 12 meses acumulado até setembro – último dado divulgado –, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 2,89%.
Os juros em queda também abrem espaço para estimular o consumo. A expectativa dos economistas é que a taxa básica de juros encerre o ano em 4,75%, e a Selic mais baixa ajuda a baratear o custo do crédito na ponta. “O nível da queda de juros ainda não se materializou para o consumidor, mas há expectativa de taxas de menores”, afirma Bentes.
Numa projeção ainda bastante preliminar, a CNC avalia que as vendas no Natal deste ano devem crescer 5% em relação a 2018. Resultado que, se confirmado, será o melhor desde 2013.Desempenho das vendas do NatalDados em %551,81,8-5-5-4,9-4,93,93,91,71,7552013201420152016201720182019(expectativa)0-7,5-5-2,52,557,5Fonte: CNC
A expectativa de melhora também foi captada por um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Numa pesquisa realizada com 1,1 mil varejistas, 58% acreditam que as vendas deste fim de ano vão crescer em comparação com 2018. E a alta média esperada por eles é de 17%.
“É um número bem animador, talvez não chegue a tudo isso. Mas mostra o otimismo do varejo e eles (os empresários) têm um ‘feeling’ bom. Então podemos esperar um Natal melhor”, diz a economista do SPC, Marcela Kawauti.
A economista lembra que o quarto trimestre tem um grande peso no balanço do varejo. No ano passado, as vendas do Natal chegaram a R$ 53,5 bilhões, segundo a entidade, enquanto as das demais datas comemorativas tradicionais (excluindo a Black Friday), somadas, foram de R$ 56 bilhões.
Apesar do otimismo em relação às vendas, os empresários estão cautelosos na hora de investir. Só 23% dos entrevistados pelo SPC já contrataram ou pretendem contratar funcionários para o fim do ano, sejam efetivos ou temporários. A expectativa é de que 103 mil vagas sejam abertas.
Encomendas crescem
Um indicador que ajuda a medir o apetite do varejo é o estoque da indústria: quanto mais encomendas as lojas fazem, menos produtos ficam parados nos fabricantes.
O índice de estoques medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) vinha subindo desde o início do ano, mas caiu em agosto (dado mais recente), passando de 52,8 para 51,7 pontos. “Dá para perceber, sim, um aumento da demanda”, diz Marcelo Azevedo, economista da CNI.
A entidade mede os estoques numa escala de zero a 100. Se o indicador ultrapassa os 50 pontos, é um indício de acúmulo de produtos em relação ao que foi planejado.
Azevedo pondera, porém, que o ajuste deve se intensificar até outubro, mais perto das datas comemorativas. “Com a crise, os empresários estão avessos ao risco e adiando o máximo possível para efetuar pedidos, com medo de se frustrar mais uma vez, errar na previsão e ficar com estoque encalhado”, afirma.Estoque da indústria cai com encomendas para 4º triEstoque efetivo em relação ao planejado (em pontos)Índice de estoquesago 18set 18out 18nov 18dez 18jan 19fev 19mar 19abr 19mai 19jun 19jul 19ago 19484950515253Fonte: CNI
Embora os dados mostrem uma melhora de humor para o consumo, eles devem ser vistos com cautela. No início do ano, a expectativa dos analistas era que a economia brasileira teria um desempenho mais vigoroso. As projeções apontavam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 2,5%, mas as estimativas mais recentes mostram que o avanço da atividade deve ser inferior a 1%.
“O consumo apresenta uma recuperação gradual”, afirma o economista do Itaú Unibanco Luka Barbosa. “Está longe de ser um resultado que provoque euforia, mas o consumo vem ganhando tração e deve seguir assim no ano que vem.”
Na leitura do Itaú, o consumo deve avançar 0,7% tanto no terceiro como no quarto trimestre. Será um desempenho melhor do que o do primeiro (alta de 0,3%) e do segundo trimestre (0,4%).
FGTS e o consumo
Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), mostra que, entre os brasileiros que vão sacar os recursos do FGTS, 32,3% vão usar o dinheiro para consumir.
A pesquisa também apurou que 36,3% vão utilizar os recursos para pagar dívida e 27,2% devem poupar.Dinheiro do FGTSO que os consumidores vão fazer com o dinheiro do fundo; dados em %Dívidas: 36,3Poupança: 27,2Consumo: 32,3Outros: 4,2Fonte: Ibre/FGV
“O pagamento de dívida tem um ponto positivo. Não é um recurso que vai para consumo num primeiro momento, mas depois do pagamento da dívida pode abrir espaço para um novo consumo”, afirma Rodolpho Tobler, economista do Ibre/FGV.
Quando houve a primeira liberação de recursos do FGTS, em 2017, o Ibre fez a mesma pesquisa. Naquela ocasião, 27,8% optaram pelo consumo, 30% por por poupar e 37,7% destinaram os recursos para pagar dívida.
Em 2017, os consumidores puderam sacar todo o saldo das contas inativas do fundo, ou seja, depósitos feitos por empregos antigos. Neste ano, a retirada será limitada a R$ 500 por conta inativa.
O Ibre estima que os recursos do saque imediato do FGTS vão trazer um um impacto de 0,15 ponto percentual no PIB deste ano e de 0,35 ponto percentual em 2020.