Perícia em celular de Moro permitiu a PF identificar supostos hackers
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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Na decisão em que autorizou a Polícia Federal (PF) a prender, em caráter temporário, quatro suspeitos de violar o sigilo telefônico de várias autoridades públicas, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, revela que os investigados foram identificados a partir da perícia inicial do telefone celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Segundo o magistrado, a quebra do sigilo telefônico e das mensagens eletrônicas de suspeitos já tinha sido autorizada antes a pedido da autoridade policial para permitir o “levantamento de informações acerca do procedimento de intrusão do telefone celular do ministro”. Isto possibilitou aos investigadores deduzir como os suspeitos teriam agiram.
Conforme os policiais federais informaram ao juiz, quem invadiu o telefone de Moro conseguiu obter o código (senha) que o aplicativo de troca de mensagens instantâneas Telegram fornece aos usuários do programa Telegram Web, por mensagem.
“O Telegram permite que o usuário solicite o código de acesso via ligação telefônica, com posterior envio [da resposta por meio de] chamada de voz contendo o código para ativação do serviço web, cuja mensagem fica gravada na caixa postal das vítimas”, detalhou o juiz em sua decisão, tornada pública no início da tarde de hoje (24). A fim de manter a linha alvo ocupada enquanto invadia o telefone, o invasor passa então a fazer sucessivas ligações para o número da vítima.
O próximo passo dos investigadores foi identificar a origem das chamadas telefônicas recebidas pelo ministro Moro, em particular as identificadas como tendo sido feitas a partir de seu próprio número. No começo de junho, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que hackers tinham tentado invadir o telefone do ministro, que percebeu à ação ao receber uma ligação de seu próprio número. Na sequência, Moro recebeu novos contatos por meio do aplicativo de mensagens Telegram, que já não usava há cerca de dois anos. Imediatamente, o ministrou abandonou a linha e acionou a Polícia Federal.
“Assim, identificou-se a rota de interconexão com a operadora Datora Telecomunicações, que transportou as chamadas destinadas ao número do ministro, após ter recebido as chamadas através da rota de interconexão baseada em tecnologia Voip [serviços de voz sobre IP, o chamado Protocolo de Internet, número que identifica um dispositivo conectado à rede mundial de computadores]”, escreveu o juiz Vallisney de Souza Oliveira, afirmando que, após analisar todo o sistema de comunicação, a PF conseguiu identificar todas as ligações efetuadas para o telefone do ministro.
“Com base nos registros cadastrais fornecidos pelos provedores de internet foram identificados os moradores nos endereços onde estariam localizados os IPs de onde partiram os ataques. São eles: Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Walter Delgatti Neto”, comentou o juiz.
Ainda de acordo com o magistrado, há “fortes indícios” de que os quatro suspeitos detidos ontem (23), em caráter temporário, “integram uma organização criminosa”.
Esta tarde, durante coletiva de imprensa realizada em Brasília, os delegados federais responsáveis pela Operação Spoofing disseram ter indícios de que mais de mil números de telefone foram alvo da ação ilegal do grupo. Em sua decisão, o juiz Vallisney de Souza Oliveira cita, entre as vítimas, além de Moro, o desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região; do juiz federal Flávio Lucas, da 18ª Vara Federal do Rio de Janeiro, e dos delegados federais Rafael Fernandes e Flávio Vieitez.
Mais cedo, o defensor Ariovaldo Moreira, advogado do casal Gustavo e Suellen, disse que Gustavo nega ter invadido telefones e participado da divulgação das supostas conversas que o então juiz federal da 13ª Vara Federal, Sergio Moro, trocou com procuradores da República que integram a força-tarefa Lava Jato. Moreira, no entanto, admitiu que Gustavo revelou ter recebido de seu amigo, Walter Delgatti, cópia de uma das mensagens atribuídas a Moro, antes desta se tornar pública, veiculada por veículos de imprensa.