Venezuelanos ainda buscam adaptação em Pernambuco
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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Esta quarta-feira faz um ano que Pernambuco recebeu o primeiro grupo de imigrantes venezuelanos através da interiorização de refugiados realizada pelo Governo Federal devido à crise que atinge a Venezuela desde 2015. Desde então, 317 pessoas daquele País foram trazidas para o Estado, além de outros que chegaram por conta própria (mas não há números certos), segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ). O grupo está distribuído nas cidades de Igarassu (148), Recife (116) e Carpina (53). Além da barreira do idioma e a falta de documentos, a escassez de trabalho é uma das principais reclamações de quase todos eles.
Em dezembro do ano passado, Jordis Antonni Caraballo, de 25 anos, e a mulher dele Roseli Gonzales, 25, chegaram em Recife com a filha Angelys, 4. Na época, Roseli estava grávida do pequeno Antonni Abdiel, que nasceu há dois meses. A família chegou ao Brasil em maio de 2018, quando cruzou a fronteira por Roraima e passou sete meses na Capital Boa Vista.
Para traz eles deixaram parentes e amigos, mas para o novo lar trouxeram sonhos e a esperança de uma vida melhor. Atualmente, eles moram em uma casa de cinco cômodos, na região central do Recife, junto com outros quatro conterrâneos, sendo dois homens, uma mulher e uma criança.
Na Venezuela, Jordis trabalhava como mecânico industrial, mas diante da dificuldade em conseguir emprego na mesma área aqui no Brasil ele resolveu abraçar as oportunidades que foram surgindo. Em Roraima, ele trabalhou em lava-jatos. Já no Recife, há cerca de dois meses, passou a fazer parte da equipe de um restaurante no Bairro do Recife. Neste estabelecimento ele atuou como garçom, auxiliar de serviços gerais, churrasqueiro e agora está como ajudante de cozinha.
Adaptando-se bem à capital pernambucana, eles contam que a maior dificuldade é ter que conviver longe dos parentes e amigos. “Nosso desejo é trabalhar e se organizar para trazer o restante da nossa família para o Recife”, confessa Jordis.
Diferentemente dele, outros venezuelanos continuam na luta para conseguir um emprego e vencer esta etapa do processo migratório, como é o caso de Miguel Ramon Ortiz Velasquez, de 42 anos. Em seu País de origem ele trabalhava como analista de comunicação. Para poder procurar trabalho no Brasil ele aguarda a validação do diploma emitido na Venezuela.
“Apesar da crise, o Brasil é muito mais organizado do que no meu País. Aqui a qualidade de vida e segurança são bem melhores”, compara. O imigrante conta que deixou a mulher e dois filhos no Venezuela, mas espera poder trazê-los pouco a pouco para Pernambuco.
Em nota, a SDSCJ explicou que os venezuelanos refugiados são tratados como brasileiros, de acordo com a lei 13.455/2017. A função do Estado é garantir direitos através dos seus serviços e apoio. A secretaria afirma que está alinhada com o Ministério da Cidadania; a ONU, através da ACNUR; organizações não governamentais, como OIM, Cáritas/Pana, Aldeias Infantis, AMAI; os municípios de Recife, Igarassu e Carpina e também com empresas e pessoas que se apresentam espontaneamente.
“Os migrantes dispõem de um sustento e atendimento plausível de dignidade, respeito,e políticas sociais de acolhimento, saúde, educação. Os recomeços são acompanhados das instituições da sociedade civil as quais estão acolhidos; pelos serviços de Assistência Social do Município, a partir do território onde estão residindo; e pela Secretaria Executiva de Assistência Social da SDSCJ-PE, que acompanha a garantia dos direitos desses cidadãos e cidadãs”, diz a secretaria.
No Brasil, mais de 100 cidades acolheram venezuelanos
Até o momento, a Operação Acolhida distribuiu 12.800 imigrantes venezuelanos em todo Brasil. A interiorização é um processo voluntário, no qual todos os beneficiários são previamente registrados e recebem auxílio na obtenção da documentação necessária para a regularização de sua permanência no País. A operação certifica que cada indivíduo esteja devidamente vacinado e com seus exames de saúde atualizados.
“Esta é uma importante medida para reduzir o impacto da imigração dentro do Estado de Roraima e aumentar as possibilidades de um recomeço de vida digno para esses imigrantes”, diz nota enviada pela assessoria de imprensa da Operação.
A interiorização acontece semanalmente em diferentes dias e são feitas por voos da Força Aérea Brasileira (FAB), voos comerciais e via terrestre, por meio de ônibus. A quantidade de venezuelanos destinada para cada cidade varia muito. Ao todo, 105 municípios de 23 Estados brasileiros já receberam venezuelanos. Os Estados que mais acolheram estes refugiados foram Amazonas (1.445), São Paulo (1.158) e Rio Grande do Sul (1.061).
Dividida em quatro modalidades, a interiorização ocorre quando o imigrante é direcionado para uma vaga de emprego definida; quando é feita transferência de abrigos de Boa Vista para abrigos mantidos pelo poder público no Interior do País; quando, através de parcerias com as instituições civis o imigrante é levado de um abrigo para outro abrigo em outro Estado; e, por último, em situações nas quais o cidadão tem algum familiar que pode recebê-lo em sua cidade e integrá-lo na sociedade.