Cenário da pandemia em Pernambuco divide opiniões
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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A tendência de aumento de casos da Covid-19 em Pernambuco, observada desde a última quinzena de outubro, não configura uma segunda onda da doença, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). A pasta aponta que, apesar da ocorrência do que chama de “flutuação nos registros de casos suspeitos”, os números da pandemia atingiram no mês passado os menores patamares desde abril deste ano.
Entre os indícios de uma nova aceleração dos casos está a taxa de ocupação dos leitos de UTI da rede estadual de saúde que vem oscilando em torno dos 80%. Dado que foi refutado pela SES. “Com índices baixos e menor disponibilidade de leitos, já que foram realizadas desmobilizações com o objetivo de evitar ociosidade, qualquer flutuação nos dados causa maior percepção nos indicadores da doença”, explicou o órgão em nota.
O infectologista Bruno Ishigami, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), afirma que uma onda de Covid-19 pode ser caracterizada pelo aumento desenfreado de casos, como ocorreu no início da pandemia. “No Brasil e em Pernambuco, de uma forma geral, é difícil falar em segunda onda porque ficamos com a impressão que nunca saímos da primeira. Vejo mais como uma reagudização, ou seja, uma nova piora em cima do quadro que a gente já vem tendo. O meu medo é que essa piora volte a fazer novos picos como vimos em abril e maio.”
Para o médico, Pernambuco pode estar sob efeito dos dois últimos feriadões – 7 de setembro e 12 de outubro -, por isso é preciso observar se a alta dos números se mantém a ponto de caracterizar um crescimento sustentado de casos e, consequentemente, uma segunda onda. “Temos que começar a traçar planos para reabrir leitos porque estamos em uma tendência de aumento de taxas de ocupação de UTI desde o dia 16 de outubro, que era de 64%, e em 8 de novembro, segundo dados do IRRD, chegou a 82%. Nesse sentido sim é possível que a gente esteja entrando em uma segunda onda agora”, afirma o infectologista.
A possibilidade de segunda onda vem sido alertada por cientistas e médicos. O vice-coordenador do Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco (IRRD), o cientista e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Jones Albuquerque, explica que para caracterizar uma nova onda dentro do contexto de pandemia é usado um conceito da matemática chamado de “derivada”. “Quando a inclinação da curva se mantém por duas ou três semanas sustentada a gente considera uma mudança de ondas.”
Para Jones, o Estado começa a vivenciar, na verdade, uma “terceira onda”, pois o “platô” visto após o pico, entre abril e maio, teria sido já a segunda onda. O cientista detalha que, quando a curva da doença no Estado subiu, em maio, o mundo vivenciava a segunda onda, inclusive os Estados Unidos. “A gente estava muito alto, não dava para observar mais crescimento por causa de limite de testes. A gente estava vivendo a primeira e segunda ondas”, acrescenta Jones.
“A única coisa que nos resta é distanciamento, higiene e uso de máscara”, finaliza Jones ao citar as medidas necessárias e possíveis para frear o recrudescimento da Covid-19. Já a SES-PE ressalta que segue monitorando o cenário epidemiológico e dos indicadores da Covid-19 no Estado de forma diária. “[O Governo de Pernambuco] tem condições de voltar a desbloquear leitos voltados exclusivamente para pacientes com a Covid-19, caso os números permaneçam crescendo”, diz a secretaria.
Fonte: Folha-PE