Covid-19: isolamento só de idosos é pouco eficiente, aponta estudo do Dieese
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou gráficos com um recorte da população brasileira na faixa etária acima de 60 anos, considerado o grupo com maior risco de desenvolver sintomas graves e evoluir para óbito em decorrência do novo coronavírus. Segundo dados do Ministério da Saúde, as pessoas desse grupo correspondiam a 72% das mortes no País pela Covid-19 até o último dia 30 de abril.
O recorte feito pelo Dieese tem por base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada no quarto trimestre de 2019. Naquele período, dos 210,1 milhões de habitantes do País, 34 milhões eram idosos, número que corresponde a 16,2% da população nacional.
Os idosos residiam em 25,1 milhões dos 73 milhões dos domicílios existentes no Brasil, ou seja, 34,5% dos lares do País tinham, ao menos, uma pessoa com 60 anos ou mais. Isso mostra que, embora representem menos de 17% da população total brasileira, os idosos estavam presentes em um terço dos lares nacionais.
Os gráficos do Dieese reforçam a ineficiência que um isolamento vertical – quando ficariam “isolados” apenas aqueles inseridos no maior grupo de risco da Covid-19 – no combate ao novo coronavírus teria no País ao mostrar que 83,2% dos idosos brasileiros não moravam sozinhos no fim do ano passado.
Os dados apontam também que 21,9% daqueles acima de 60 anos ainda dividiam lares com pessoas que frequentavam escolas, ambiente de grande fluxo de pessoas, a maioria delas da faixa etária que se mostra assintomática em grande parte dos casos relacionados ao novo coronavírus. As crianças e os adolescentes infectados têm apresentado pouco ou nenhum sintoma da Covid-19, entretanto atuam como vetores para circulação do vírus, podendo contaminar familiares idosos. Assim, esse recorte confirma a importância da suspensão das atividades escolares durante a pandemia.
Os números expostos pelo Dieese mostram ainda o impacto que os idosos têm na renda familiar. No final de 2019, 22,9% da população a partir dos 60 anos estavam em atividade e representavam 8,2% dos ocupados do País. Além disso, 24,9% das residências nacionais tinham pessoas com 60 anos em diante contribuindo com mais de 50% da renda domiciliar, através de salários, pensões ou aposentadorias. Em outros 8,4% dos lares, esse grupo também contribuía financeiramente, porém com uma parcela menor que 50% dos gastos totais.
O recorte mostra ainda que 7,9% dos idosos que estavam trabalhando atuavam em espaços de grande exposição, como via ou área pública ou ainda em veículos automotores. A proporção de idosos atuando nessas condições era maior até do que entre pessoas abaixo dessa faixa etária (6,2%).
Pernambuco
Em Pernambuco, os dados pouco diferem das porcentagens nacionais. A população idosa era de 1,5 milhão no final de 2019, o que correspondia a 15,8% do total de habitantes pernambucanos. Desse grupo, 83% não moravam só, e 22,1% dividiam domicílio com pessoas que frequentavam escolas. Mais de 240 mil idosos estavam no mercado de trabalho e quase 375 mil contribuíam com 50% ou mais na renda familiar.
Fonte: Folha-PE