O Fundo Russo solicitou, após reunião com governadores do Consórcio Nordeste, nessa quarta-feira (21), um prazo de 48 horas para decidir se envia a vacina Sputnik V ao Brasil.

O pedido do Fundo Russo vem por causa das declarações recentes do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de que o imunizante não seria incluído no Programa Nacional de Imunização (PNI). 

“O esforço dos governadores do Brasil para que a gente tenha mais vacina tem sido uma corrida de obstáculos! A gente vence um obstáculo, e aí aparece outro obstáculo. Ora é a Anvisa, ora é uma posição do Ministério da Saúde, como aconteceu agora. Por isso que oficializamos pedindo um posicionamento”, disse o governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias.

Segundo o governador, estava tudo acertado para que o primeiro lote, com 1,1 milhão de doses da vacina, chegasse ao Brasil por Pernambuco, na próxima quarta-feira (28), mas, na reunião, a cúpula do Fundo Russo pediu um prazo de 48 horas para reavaliação desse envio.

“Pedimos para que ficasse mantido o cronograma de entrega, para que a gente possa rapidamente estar trabalhando mais vacina para mais vacinação e ao mesmo tempo salvar vidas no Brasil”, finalizou o governador do Piauí.

Em coletiva de imprensa, na quarta-feira (21), Marcelo Queiroga afirmou que é necessário analisar a “conveniência e oportunidade” em ter doses das vacinas Covaxin e Sputnik V na estratégia de vacinação. Para ele, o total previsto das duas vacinas traria “pouco benefício” para acelerar a campanha.

“Governadores do Nordeste que têm tratativas com a Sputnik, se for do desejo deles importarem essas vacinas, podem importar, e o ministério apoiará em relação aos estudos, mas para incluir no PNI é necessário ter registro da Anvisa. Até porque um estado incluiu a vacina, outro não quis, e temos que no PNI passar uma mensagem homogênea para a sociedade para gerar confiança”, afirmou Queiroga.

Neste primeiro momento, caso seja de fato enviada, a Sputnik V deve ser distribuída a seis estados do Nordeste. Pernambuco deverá receber cerca de 192 mil doses do imunizante russo.

O estado da Bahia foi autorizado a importar 300 mil doses; o Maranhão, 141 mil doses; Sergipe, 46 mil doses; o Ceará, 183 mil doses; e o Piauí, 66 mil doses. 

Importação e uso da Sputnik V
No início de junho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação excepcional de doses da Sputnik V para seis estados do Nordeste, incluindo Pernambuco. Na segunda quinzena, a agência liberou outros sete estados para a importação de mais doses.

As restrições impostas pela Anvisa para importação da vacina russa não permitem a vinda das 37 milhões de doses fechadas em contrato com o Consórcio Nordeste num primeiro momento. 

Cada estado receberá uma quantidade suficiente para duas doses de 1% da população e só poderá aplicar em adultos de 18 a 60 anos de idade ainda não vacinados e sem comorbidades. 

Todos os lotes dos imunizantes importados somente poderão ser destinados ao uso após liberação pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

Fonte: Folha-PE