Mais de 200 revistas divulgam alerta: ‘fracasso na luta contra o aquecimento é a maior ameaça à saúde global’
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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Cientistas de várias partes do mundo alertaram, em um editorial publicado em mais de 200 revistas científicas, que o fracasso de líderes mundiais em limitar o aquecimento do planeta é “a maior ameaça à saúde global” existente hoje.
O editorial é assinado por 19 pesquisadores de países como Índia, Quênia, África do Sul, Reino Unido, Estados Unidos e Brasil.
“A maior ameaça à saúde pública global é o fracasso contínuo dos líderes mundiais em manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5ºC [desde a era pré-industrial] e restaurar a natureza”, dizem os cientistas (veja tradução da íntegra do editorial mais abaixo).
Os pesquisadores listam os seguintes problemas de saúde como alguns dos que tendem a piorar com o aquecimento da Terra:
- mortalidade relacionada ao calor entre pessoas com mais de 65 anos
- desidratação
- perda da função renal
- doenças dermatológicas
- infecções tropicais
- resultados adversos para a saúde mental
- complicações na gravidez
- alergias
- morbidade e mortalidade cardiovascular e pulmonar.
O texto foi colocado on-line em 253 revistas científicas de todo o mundo (veja lista ao final da reportagem) no dia 4 de setembro, antecedendo três eventos globais:
- a Assembleia Geral da ONU, que será aberta na próxima terça (14);
- a Conferência da ONU sobre Biodiversidade em Kunming, na China, de 11 a 24 de outubro;
- a Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP26) em Glasgow, no Reino Unido, de 1º a 12 de novembro.
Insegurança alimentar
Os efeitos do clima extremo e o esgotamento do solo estão “prejudicando os esforços para reduzir a desnutrição”, dizem os cientistas.
Segundo o texto, o rendimento global das principais safras de alimentos vem caindo de 1,8% a 5,6% desde 1981.
“A destruição generalizada da natureza, incluindo habitats e espécies, está corroendo a segurança hídrica e alimentar e aumentando a chance de pandemias”, dizem os pesquisadores.
Impacto sobre mais pobres
Os pesquisadores reforçam a noção de que os países mais ricos têm que assumir maior responsabilidade sobre a condição do planeta – inclusive para ajudar países mais pobres a lidarem com as consequências de uma Terra mais quente.
“Os países que criaram desproporcionalmente a crise ambiental devem fazer mais para apoiar os países de baixa e média renda a construir sociedades mais limpas, saudáveis e resilientes”, afirmam os cientistas.
Eles lembram do “compromisso pendente” das nações mais ricas de fornecer US$ 100 bilhões (cerca de R$ 529 bilhões) por ano para enfrentar as mudanças climáticas.
“Muitos governos enfrentaram a ameaça da pandemia de Covid-19 com financiamento sem precedentes. A crise ambiental exige uma resposta de emergência semelhante”, dizem.
Os pesquisadores também ressaltam que metas de redução de emissões de gases estufa são “fáceis de definir e difíceis de alcançar”.
“Essa ação insuficiente significa que os aumentos de temperatura provavelmente serão bem superiores a 2ºC, um resultado catastrófico para a saúde e a estabilidade ambiental”, dizem.
Aumento de 1,5ºC
Os pesquisadores dizem, ainda, estarem preocupados com que “os aumentos de temperatura acima de 1,5°C estejam começando a ser vistos como inevitáveis, ou mesmo aceitáveis, por membros poderosos da comunidade global”.
Cientistas de todo o mundo que estudam as mudanças climáticas apontam que a temperatura terrestre não pode subir mais que 1,5ºC do que era desde antes da industrialização, sob risco de mudança drástica no modo de vida no planeta.
“Os profissionais de saúde estão unidos a cientistas ambientais, empresas e muitos outros ao rejeitar que esse resultado seja inevitável”, afirmam os cientistas no editorial.
No início de agosto, o esboço de um relatório histórico do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU apontou que as mudanças fruto das ações humanas devem afetar fundamentalmente a vida na Terra já nos próximos 30 anos, mesmo se as emissões forem contidas.
Fonte: G1