- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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Após aumentos sucessivos, superando 60% no acumulado em um ano, e tornar-se o vilão da inflação dos alimentos, o índice de preço do leite começa a recuar. As análises do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa apontam quedas em todos os produtos lácteos, o que inclui o valor recebido pelos produtores. Em algumas capitais do país, o litro do leite longa ultrapassou os R$ 8,00 em agosto, a exemplo do Recife, e atualmente pode ser encontrado até abaixo dos R$ 6,00.
“Podemos afirmar que o movimento de alta chegou ao fim”, analisou Samuel Oliveira, pesquisador da Embrapa Gado de Leite (MG), com base em números do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite dos estados (Conseleites).
A forte pressão sobre o preço do leite e seus derivados foi motivada por vários fatores, entre eles a queda na oferta do produto. O período de entressafra, que ocorre nos meses de outono/inverno, quando há menos pasto para o rebanho, faz com que a produção decline. Isso já é esperado pelo setor. No entanto, outros fatores contribuíram para que a produção retrocedesse mais do que o normal, como o elevado custo de produção e deterioração da rentabilidade das fazendas.
A guerra no Leste Europeu e o incremento no preço dos fertilizantes, dos combustíveis e das commodities agrícolas em geral acabaram pressionando os custos. A desorganização das cadeias produtivas, que ocorreu mundialmente devido à pandemia de Covid-19, também é apontada como uma das variáveis.
Com a chegada da primavera no Hemisfério Sul, e com ela o período das chuvas, a produção no campo começa a aumentar, primeiro nos estados do Sul brasileiro e depois nas demais regiões do país.
Para o pesquisador Glauco Carvalho, o aumento da produção já pode ser observado no mercado spot (compra e venda de leite entre as indústrias). “O spot registrou queda de 37,6% no preço praticado em agosto, fechando a segunda quinzena a R$ 2,83 o litro”, informa, acrescentando que isso sinaliza “uma rápida mudança de tendência em relação aos últimos meses, demonstrando que começou a haver maior quantidade da matéria-prima disponível na indústria”.
O melhor preço pago ao produtor em função da diminuição da oferta estimulou o setor primário a investir mais na alimentação do rebanho e as vacas responderam com maior volume de leite. Outra frente que motivou a ampliação da oferta foram as importações, que atingiram172 milhões de litros em agosto, 63,3% maior em relação a julho e 129,9% em comparação com agosto de 2021. Inflação compromete a demanda
Outro fator que puxa as cotações para baixo é a queda na procura pelo produto. “A inflação comprometeu o poder de compra dos salários e impôs dificuldades para o mercado assimilar o aumento dos preços, o que causou redução significativa da demanda”, afirma Glauco Carvalho. As consequências chegaram primeiro ao mercado atacadista, com o preço do leite longa vida caindo 23,5% em agosto e a muçarela, 15,7%.
A primeira quinzena de etembro esboçou alguma estabilidade nos preços e a tendência é que a redução se amplie em outubro, quando a produção nas regiões Sudeste e Centro-Oeste se eleva. Mas a desaceleração já é perceptível e até mesmo a queda nos preços dos lácteos no varejo. Depois do grande salto verificado em julho (14%), o aumento do leite em agosto foi de 0,4%.
Clima e custos impactam mercado global
Quanto ao mercado global de leite, a oferta continua restrita, impactada por questões climáticas e pelo aumento dos custos de produção. “O preço dos lácteos no mercado internacional ainda está acima dos patamares médios observados nos últimos anos, mas tem caído nos últimos meses, o que pode ser um reflexo da menor demanda da China”, aponta o analista Lorildo Stock.
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