China enfrenta novas denúncias de abusos, durante visita de comissária da ONU
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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A China enfrentou nesta terça-feira (24) novas acusações de apoiar a repressão aos uigures em Xinjiang, em um vazamento jornalístico que coincidiu com a visita da chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, àquela região.
Os uigures pediram firmeza a Michelle Bachelet em sua visita a Xinjiang (oeste da China), onde afirmam enfrentar uma perseguição que congressistas dos Estados Unidos e outros países chamam de “genocídio”. A ex-presidente chilena é a primeira responsável pela área de Direitos Humanos da ONU a visitar a China desde 2005.
Em reunião com Michelle ontem em Guangzhou, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, “expressou esperança em que a visita ajude a fortalecer a compreensão e cooperação e a esclarecer a desinformação”, segundo nota divulgada por seu gabinete.
O texto não faz referência à região de Xinjiang, uma região remota onde o Partido Comunista é acusado de prender um milhão de uigures e outros membros de minorias muçulmanas, o que Pequim chama de “mentira do século”.
Em seu relato da reunião, a agência estatal de notícias Xinhua afirma que Michelle Bachelet “felicitou a China por suas conquistas importantes no desenvolvimento econômico e social e na promoção da proteção dos direitos humanos”. O porta-voz de Bachelet não confirmou à AFP o que foi abordado além dos comentários iniciais.
A viagem de Michelle foi considerada um erro pelos Estados Unidos e recebida com ceticismo pelos ativistas uigures no exílio, que temem uma montagem das autoridades chinesas para esconder a realidade de sua comunidade. Esses temores foram acentuados pela revelação dos “Arquivos Policiais de Xinjiang” por um consórcio de veículos de comunicação internacionais, que inclui a rede britânica BBC, o jornal francês “Le Monde” e o espanhol “El País”.
Esse vazamento de milhares de documentos e fotografias lança luz sobre a situação dos uigures, com mulheres, crianças e idosos internados em “campos de detenção”, e aponta para uma repressão ordenada a partir das mais altas esferas do poder, incluindo o presidente, Xi Jinping.
O porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, manifestou consternação com os relatórios. “Seria muito difícil imaginar que um esforço sistemático para eliminar, deter, conduzir uma campanha de genocídio e crimes contra a humanidade não tivesse a aprovação dos mais altos escalões do governo”, comentou.
Os arquivos foram entregues por uma fonte anônima ao investigador alemão Adrian Zenz, o primeiro a acusar o governo chinês de internar 1 milhão de uigures, em 2018.
Fonte: Folha-PE