Flávio Bolsonaro empregou mãe e mulher de PM do Rio suspeito de comandar milícia
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) empregou até novembro do ano passado, em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a mãe e a mulher do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, 42, suspeito de comandar milícia no Rio de Janeiro. De acordo com o jornal O Globo, o capitão Adriano é considerado pelo Ministério Público do Rio o homem-forte do Escritório do Crime, organização suspeita do assassinato de Marielle Franco.
Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega deixaram o gabinete no mesmo dia, em 14 de novembro, a pedido. Elas ocupavam o cargo CCDAL-5 e ganhavam R$ 6.490,35. Raimunda é um dos ex-servidores de Flávio Bolsonarocitados em relatório do Coaf que identificou movimentações financeiras atípicas de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz. Ela repassou R$ 4.600 para a conta do ex-policial militar.
À época da revelação do relatório, em dezembro do ano passado, a reportagem procurou a ex-assessora em endereços relacionados ao seu nome, sem sucesso. Em nota, a assessoria do senador eleito disse que Raimunda foi contratada por indicação de Queiroz, que supervisionava o seu trabalho, e que não pode ser responsabilizado por atos que desconhece.
Flávio Bolsonaro homenageou Adriano duas vezes na Alerj. Em 2003, propôs uma moção de louvor ao policial militar por desenvolver sua função com “dedicação, brilhantismo e galhardia”. “Imbuído de espírito comunitário, o que sempre pautou sua vida profissional, atua no cumprimento do seu dever de policial militar no atendimento ao cidadão”, escreveu.
Em 2005, o filho do presidente Jair Bolsonaro concedeu ao policial a Medalha Tiradentes. Na justificativa, entre outras razões, o então deputado estadual escreveu que Adriano teve êxito ao prender 12 “marginais” no morro da Coroa, no centro, além de apreender diversos armamentos e noventa trouxinhas de maconha.
Flávio Bolsonaro também apresentou moção de louvor a outro policial militar alvo da operação desta terça. O capitão Ronald Paulo Alves Pereira, segundo o senador eleito, mereceu a homenagem por ter participado de operação no Complexo da Maré, em 2004, na qual morreram três “marginais da Lei”.
Na nota divulgada à imprensa, o senador eleito disse que sempre atuou na defesa de agentes da segurança pública e que já concedeu “centenas de outras homenagens”.
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Personal trainer e assessora de Bolsonaro
O gabinete do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara dos Deputados atestou frequência total de sua ex-assessora Nathalia Melo de Queiroz, filha de Fabrício Queiroz, mencionado em relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Nathalia atuava como personal trainer no mesmo período em que trabalhava para Bolsonaro, de dezembro de 2016 a outubro de 2018. A frequência é atestada pelo gabinete ou pelo parlamentar, por meio eletrônico. No período acima, não houve registros de faltas injustificadas ou licenças.
“Faço dinheiro”
“Sou um cara de negócios, faço dinheiro”, disse em entrevista o ex-assessor de Flávio Bolsonaro Fabrício Queiroz ao afirmar que parte da movimentação atípica de R$ 1,2 milhão feita por ele vem da compra e venda de carros. Mas o motorista não explicou a razão de ter recebido repasses de outros funcionários, afirmou que só vai falar sobre o assunto no Ministério Público. Porém, ele faltou a convocações para depor alegando problemas de saúde.
Internação e operação de Queiroz no Einstein
Queiroz deu entrada no hospital no dia 30 de dezembro, passou por uma cirurgia no dia 1º e recebeu alta no último dia 8. Sua condição de saúde foi a justificativa para que ele e seus familiares não comparecessem a depoimentos agendados no Ministério Público do Rio. O presidente Jair Bolsonaro diz que emprestou dinheiro para o ex-assessor do filho Flávio Bolsonaro em várias ocasiões porque ele estava com problema financeiro. Quem arcou com os custos desta cirurgia?
Fux x Supremo
Em decisão controversa, o ministro do STF Luiz Fux suspendeu a investigação contra o gabinete de Flávio Bolsonaro, a pedido do filho do presidente. O senador eleito argumentou em seu pedido ao Supremo que, embora não tenha tomado posse, já foi diplomado senador, o que lhe confere foro especial perante o Supremo. Mas em maio do ano passado, o plenário da corte restringiu o foro especial de políticos aos atos cometidos durante o mandato e em razão do cargo. Os casos que não se enquadram nesses critérios – como é, em tese, o relativo a Flávio Bolsonaro – são agora remetidos às instâncias inferiores.