PIB do Brasil cresce 1,1% em 2019, menor avanço em 3 anos
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,1% em 2019, segundo divulgou nesta quarta-feira (4) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o desempenho mais fraco em 3 anos, com o resultado afetado principalmente pela perda de ritmo do consumo das famílias e dos investimentos privados. Em valores correntes, o PIB do ano passado totalizou R$ 7,3 trilhões em 2019.
Foi a 3ª alta anual consecutiva após 2 anos de retração, mas a recuperação lenta ainda mantém a economia do país abaixo do patamar pré-recessão.
Já o PIB per capita (por habitante) teve alta de apenas 0,3% em termos reais em 2019, alcançando R$ 34.533 em 2019.
“São três anos de resultados positivos, mas o PIB ainda não anulou a queda de 2015 e 2016 e está no mesmo patamar do primeiro trimestre de 2013”, destacou Rebeca Palis, coordenadora das Contas Nacionais do IBGE.
Segundo ela, em valores correntes, o PIB brasileiro ainda segue 3,1% abaixo do pico (ponto mais alto da economia brasileira), registrado no primeiro trimestre de 2014. “Por outro lado, estamos a 5,4% do vale, o ponto mais baixo que foi alcançado no 4º trimestre de 2016”, explicou.
Em 2017 e 2018 o crescimento foi de 1,3% em ambos os anos, após retrações de 3,5% em 2015 e de 3,3% em 2016. Veja gráfico abaixo:
Evolução do PIB anual — Foto: Arte G1
Apesar de mais um ano de crescimento decepcionante, o resultado veio dentro do esperado pelo mercado que, após resultados fracos da atividade econômica em novembro e dezembro, passou a projetar mais um ano de taxa bem próxima de 1%. No começo de 2019, a estimativa era de um avanço de mais de 2% no ano. A estimativa do Ministério da Economia era de uma alta de 1,12%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Veja os principais destaques do PIB em 2019:
- Serviços: 1,3%
- Indústria: 0,5%
- Agropecuária: 1,3%
- Consumo das famílias: 1,8%
- Consumo do governo: -0,4%
- Investimentos: 2,2%
- Construção civil: 1,6% (1ª alta após cinco anos consecutivos de queda).
- Exportação: -2,5% (1ª queda em 5 anos)
- Importação: 1,1%
O crescimento da economia em 2019 foi mais uma vez sustentado pelo consumo das famílias, mas o ritmo de recuperação do consumo desacelerou 1,8%, após avanços de 2% em 2017 e 2,1% em 2018. Foi o resultado mais fraco desde 2016, diante da baixa confiança e do mercado de trabalho ainda frágil.
“O crescimento do PIB continua ancorado no consumo das famílias”, enfatizou a pesquisadora, destacando que trata-se do componente com maior peso no cálculo do PIB, representando 65% de toda a atividade econômica.
O consumo das famílias em 2019 foi beneficiado, entre outros fatores, pela melhora da ocupação no mercado de trabalho, pela redução da taxa básica de juros e pela liberação de recursos extras do FGTS.
Questionada sobre o motivo pelo qual estes fatores não permitiram um crescimento maior que no ano anterior, Rebeca ponderou que “o crescimento do emprego foi muito ancorado na informalidade, que tem salários menores, e sabemos que o efeito da liberação do FGTS não é direto no consumo, já que as famílias estavam endividadas”.
Segundo a pesquisadora, a contribuição da demanda interna no resultado do PIB de 20198 foi de 1,7%, sendo 1,2 ponto percentual (p.p). do consumo das famílias, 0,6 p.p. de investimento e estoque e -0,1% do consumo do governo. Já a demanda externa contribuiu negativamente com 0,5%.
Investimentos desaceleram
Os investimentos tiveram uma desaceleração mais forte, registrando uma alta de 2,2% no ano passado, após um salto de 3,9% em 2018 e queda de 2,6% em 2017. Já a despesa de consumo do governo caiu 0,4%, em meio ao rombo das contas públicas e dificuldades orçamentárias.
A taxa de investimento em 2019 foi de 15,4% do PIB, acima do observado em 2018 (15,2%), mas ainda bem abaixo do patamar acima de 21% registrado em 2013. Já a taxa de poupança caiu para 12,2%, ante 12,4% em 2018.
No setor de serviços, as atividades que registraram maior avanço no ano foram: informação e comunicação (4,1%) – maior taxa de crescimento entre todos os componentes do PIB –, atividades imobiliárias (2,3%) e comércio (1,8%).
Na agropecuária, o crescimento foi puxado pelo cultivo de milho (23,6%), algodão (39,8%), laranja (5,6%) e feijão (2,2%).
Construção tem 1ª alta após 5 anos de quedas
Pela ótica da produção, tanto os serviços como a agropecuária tiveram um crescimento menor em 2019, enquanto que a indústria manteve o resultado de 0,5%, com destaque para construção civil que cresceu 1,6% – (1ª alta após 5 anos consecutivos de quedas).
Apesar do crescimento, o setor se encontra 30% abaixo do pico, que foi alcançado no primeiro trimestre de 2014. E no 4º trimestre houve retração de 2,5%, ante o 3º trimestre. O IBGE destacou também que a alta em 2019 foi puxado pela atividade imobiliária, e não pelo setor de infraestrutura.
Já a indústria extrativa teve queda de 1,1% em 2019, enquanto que a de transformação registraram avanço de apenas 0,1%.
No setor externo, as exportações de bens e serviços caíram 2,5% – a 1ª queda em 5 anos –, enquanto as importações de bens e serviços avançaram 1,1%.
A necessidade de financiamento da economia brasileira cresceu de R$ 168 bilhões em 2018 para R$ 212,2 bilhões em 2019. “O principal fator para esse crescimento foi a transformação do superávit de R$ 26,3 bilhões do saldo externo de bens e serviços no ano de 2018 para o déficit de menos R$ 24,1 bilhões em 2019”, destacou Rebeca.
Fonte: G1