Quase 20% dos brasileiros de 50 a 59 anos ainda não se vacinaram
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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Primeira faixa etária a ter a vacinação contra covid-19 autorizada fora do grupo prioritário, a população entre 50 e 59 anos ainda tem cerca de 20% sem receber uma dose sequer de imunizante no Brasil.
Um levantamento feito pelo R7 com base nos dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da Saúde mostra que cerca de 24,2 milhões integram esse grupo, mas 4,53 milhões (18,7%) não tomaram a primeira dose ou a vacina de dose única da Janssen.
Em comparação com os idosos, há uma diferença significativa. A população acima de 60 anos soma 31,2 milhões, dos quais apenas 1,56 milhão (5%) não tomaram dose alguma.
Não é possível ainda fazer uma análise sólida em relação às idades mais jovens, já que a vacinação abaixo de 50 anos começou há poucas semanas em boa parte do país.
Dados do SIVEP-Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe) do Ministério da Saúde mostram que a faixa etária de 50 a 59 anos passou a concentrar as mortes por covid-19 nos últimos dois meses, com o avanço da vacinação dos idosos.
Para a ex-coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações) Carla Domingues, este deveria ser o grupo mais engajado em se vacinar.
“De 50 a 60 anos, é o grupo que mais tem comorbidades depois dos idosos. […] É um grupo sensibilizado à vacinação, porque tem risco de ter complicações pela doença.”
Carla acrescenta que não é possível identificar com clareza o que causou essa taxa de não vacinados, mas diz que é preciso identificar se há diferenças regionais e por classe social, já que deslocamentos e disponibilidade para ir se vacinar podem ter efeito.
Ela também aponta a falha de uma comunicação uniforme por parte do Ministério da Saúde.
“Infelizmente, o que a gente está vendo, com os idosos houve toda uma divulgação maior, uma busca desses grupos. Os estados estão nessa competição para ver quem termina de vacinar primeiro e estão deixando um monte de gente para trás. Não terminou um grupo e já estão vindo outros. Eu até acho que tem que abrir para que a gente não fique com vacina parada, mas não pode ficar deixando [grupos com baixa cobertura vacinal] ad eternum.”
A médica Flávia Bravo, da diretoria da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), acrescenta que adultos saudáveis e adolescentes, tradicionalmente, vacinam-se menos.
“Não é simplesmente recusa. Existe essa situação crônica e tradicional de que é difícil levar essas pessoas para vacinação de um modo geral. Em qualquer país, as taxas de cobertura vacinal dos adultos são mais baixas.”
Ela pondera, todavia, que o fato de a covid-19 ser um assunto presente no dia a dia e que afeta a sociedade como um todo deveria ser um estímulo na busca pela imunização.
“A comprovação disso é esse clamor popular por vacinas, as filas… São aquelas pessoas que vivenciaram na pele o que a covid consegue fazer e que estão aí. A minoria são aqueles que não conseguem ter empatia ou negam as evidências todas. Não são nem evidências científicas, são evidências de vida.”
Os que se recusam a tomar vacina por convicção são uma pequena parcela no Brasil, na avaliação de especialistas. Estima-se que em torno de 3% da população seja antivacina. Mas até eles devem ser beneficiados indiretamente com o aumento da cobertura vacinal, explica Flávia.
“A gente tem que pautar as estratégias sabendo que antivacinista existe para qualquer vacina, a gente busca percentual de cobertura confiando que aqueles 25% que estão de fora, ali dentro estão os anti-vax [expressão em inglês para antivacina]. Eles acabam se beneficiando da imunidade de comunidade.”
Fonte: Magno Martins