Bovespa acumula perda de mais de 12% em 2021 e caminha para 1ª queda anual desde 2015
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
A bolsa de valores brasileira deverá amargar em 2021 a primeira queda anual em 6 anos. O Ibovespa, o principal índice de ações da B3, fechou o penúltimo pregão do ano aos 104.107 pontos, acumulando na parcial do ano uma perda de 12,53%.
A última vez que a bolsa tinha fechado um ano no vermelho foi na recessão de 2015, quando o Ibovespa acumulou perda de 13,3%. Em 2020, mesmo em meio à pandemia, conseguiu fechar o ano com alta de 2,92%.
No pregão de quarta-feira (29), o Ibovespa fechou queda de 0,65%, aos 104.864 pontos. No mês de dezembro, entretanto, o índice acumula alta de 2,15% e caminha para registrar a primeira alta mensal após 5 meses seguidos de perdas.
Das 92 ações que compõem o Ibovespa, apenas 25 registram alta no acumulado em 2021, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica.
As 10 maiores quedas no ano
- Magazine Luiza ON: -72,89%
- Via Varejo ON: -68,94%
- Pão de Açúcar ON: -62,65%
- Americanas ON: -58,97%
- Eztec ON: -52,86%
- Grupo NaturaON: -52,44%
- IRB Brasil Re ON: -51,96%
- Qualicorp ON: -50,44%
- Cogna ON: -48,38%
- Ecorodovias ON: -46%
As 10 maiores altas no ano
- EmbraerON: 175,93%
- BraskemPNA: 174,66%
- Marfrig ON: 79,71%
- JBS ON: 76,22%
- Petrorio ON: 42,83%
- Petrobras ON: 31,44%
- Gerdau PN: 24,73%
- Petrobras PN: 23,90%
- Gerdau Met PN: 22,38%
- Taesa UNT N2: 21,74%
Sobe e desce no ano
Apesar do tombo em 2021, a primeira metade do ano foi de ganhos e otimismo na bolsa, com um ‘boom” de novas empresas abrindo o seu capital e listando suas ações na B3. Em junho, o Ibovespa chegou a acumular um avanço de quase 10% na parcial do ano e chegou a superar os 130 mil pontos.
No dia 6 de junho, a bolsa atingiu a máxima histórica de fechamento de 130.776 pontos, mas a partir de julho entrou em trajetória contínua de queda, amargando uma sequência de 5 meses de perdas. A pior marca foi registrada no dia 1 de dezembro, quando fechou aos 100.774 pontos.
O que explica o ano no vermelho
A inversão de rota ocorreu na esteira da piora das expectativas para a economia brasileira, em meio à disparada da inflação às alturas, que resultou numa acentuada elevação da taxa básica de juros (Selic), que começou 2021 em 2% ao ano e caminha agora para o patamar de dois dígitos.
A mudança de humor dos mercados refletiu também o aumento das incertezas fiscais e políticas após ameaças golpistas pelo presidente Jair Bolsonaro em setembro e depois que o governo decidiu driblar o teto de gastos por meio da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos precatórios como estratégia para financiar o pagamento Auxílio Brasil e abrir espaço no Orçamento no ano eleitoral de 2022.
“Existia uma confiança muito grande na equipe econômica por parte do mercado, que caiu no final do ano. Esperava-se que a reforma tributária passasse ainda esse ano, mas foi jogada um pouco de lado”, resume Lucas Prado Marques, sócio da 3A, destacando que a flexibilização do arcabouço fiscal, através da aprovação da PEC dos Precatórios, “tirou muita credibilidade” da política econômica, afetando por consequência a confiança e otimismo dos investidores.https://48b6f09d69092c2f1ccd7ddcdfc3fb78.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Reportagem do g1 publicada no começo do mês mostrou que a bolsa brasileira teve o 2º pior desempenho no mundo em 2021 na parcial até novembro, na contramão da tendência global e atrás somente da bolsa da Venezuela, segundo ranking da Austin Rating com 78 países. Nos EUA, por exemplo, as principais bolsas acumulam no ano ganhos de mais de 20%.
45 IPOs no ano
O ano, porém, foi positivo em termos de listagem de novas empresas na B3. Ao todo, foram 45 IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), contra 28 no ano passado. Foi maior número desde 2007, quando foram registradas 64 ofertas iniciais de ações.
As ofertas públicas de ações realizadas em 2021 movimentaram um volume de R$ 65,2 bilhões. As maiores foram as da Raízen, CSN Mineração, Caixa Seguridade e Modalmais.
Apesar do novo “boom” de estreias na bolsa, a mudança de cenário provocou também o adiamento ou suspensão de dezenas de outros IPOs. Desde setembro, nenhum IPO foi realizado na bolsa. O último foi o da Vittia, no final de agosto.
Dividendos recordes
A boa notícia do ano para os investidores veio na forma de distribuição dos lucros. O valor total de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) distribuídos pelas empresas brasileiras listadas na B3 foi recorde em 2021.
Segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economativa, o valor total pago pelas companhias entre janeiro e setembro aos acionistas somou R$ 214,5 bilhões, superando o montante pago durante todo o ano de 2020 (R$ 126,5 bilhões). As maiores distribuições foram para os acionistas da Vale (R$ 73,1 bilhões) e da Petrobras (R$ 31,5 bilhões).
“Petrobras, Vale e bancos têm peso relevante [no Ibovespa] e foram ativos que não caíram tanto quanto o varejo, construção civil e entre outros”, explica Marques. “Inclusive isso distorce um pouco do que foi o Ibovespa no ano, que vem em queda, ou seja, com um desempenho ruim, mas poderia ser ainda pior”.
Fonte: G1